Porporunsaharalibre (PUSL) - FEV 4, 2023 - - Após a independência de Timor-Leste em 2002, foram imediatamente estabelecidas relações diplomáticas entre a República Democrática de Timor-Leste e a República Saharaui (RASD).
Timor-Leste cedeu representação diplomática completa à Embaixada da ‘República Saharaui, em 2010, em Díli. A RASD está atualmente representada pelo Embaixador Abba Malainin e o encarregado de negócios, Mohamed Aghay.
A embaixada saharaui em Díli promove os interesses da República Árabe Saharaui Democrática em Timor Leste e desempenha também um papel importante no desenvolvimento, nos assuntos culturais e nos contatos com a imprensa local.
A historia recente de Timor e do Sahara Ocidental, a colonização pelos países ibéricos, seguida do abandono e invasão por países vizinhos une os dois povos. A experiência de Timor na luta de guerrilha num terreno bem diferente do deserto do Sahara não deixa no entanto de apresentar muitos pontos em comum, começando pela resiliência de um povo em muito menor número que o invasor e sem meios técnicos e económicos.
Timor Leste conseguiu alcançar a sua libertação após anos de derrame de sangue inocente e a realização do referendo. Um referendo que também no caso do Sahara Ocidental foi acordado, mas que Marrocos inviabiliza por completo voltando atrás na sua palavra.
Na ocasião da aceitação de Timor-Leste como membro das Nações Unidas, o então Presidente Kay Rala Xanana Gusmão apelou para “a replicação da implementação do plano das Nações Unidas para um referendo sobre a autodeterminação do Sahara Ocidental”, salientando que “apenas uma votação democrática, justa e livre, como a ocorrido em Timor-Leste, poderá pôr fim a essa injusta situação”. Este referendo, pedido em várias resoluções da ONU, continua sem ser posto em marcha.
O povo timorense sente na pele a sua recente história e não esquecendo o seu próprio percurso tem demonstrado um apoio incondicional ao povo saharaui na sua luta de libertação.
Quando o então presidente saharaui, Mohamed Abdelaziz, visitou Timor-Leste em 2002, declarou que “o Povo de Timor-Leste e o Povo do Sahara Ocidental são ‘povos gémeos’, que têm suportado o mesmo sofrimento, com enormes sacrifícios, resistindo e lutando lado a lado pelo direito de ser respeitado pelos seus vizinhos expansionistas”.
O apoio timorense à RASD está patente nas múltiplas declarações do governo e dos partidos timorenses, mas também nos fóruns internacionais, nomeadamente nas Nações Unidas, seja na Assembleia Geral, na 4ª comissão para a descolonização ou em Genebra nas sessões de direitos humanos. Também no XVI Congresso da Frente Polisário em Janeiro de 2023, Timor Leste esteve presente com representação oficial e com várias mensagens de solidariedade.
Na CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa) composta por nove estado membros, (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste), Timor Leste, assim como Angola e Moçambique reconhecem a RASD. Marrocos, o ocupante ilegal do Sahara Ocidental, tem tentado há mais de uma década aderir como observador ao CPLP sem êxito até ao momento e não cumpre os requisitos básicos de respeito pelo direitos humanos.
Sendo um país pequeno, com uma população de aproximadamente 1,4 milhões, e com pouco mais de 2 décadas de independência, Timor Leste tem sido ativo na arena política internacional dentro das condicionantes de uma país recém libertado.
O apoio de Timor Leste ao povo saharaui não se baseia apenas no direito internacional, na justiça e solidariedade mas também no seu próprio percurso, vivência e sofrimento. Os contactos de Timor Leste no mundo católico e na região poderão ser uma grande mais valia na questão do Sahara Ocidental.
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