A Audiência Nacional nega a nacionalidade espanhola a um suposto agente acusado pelo CNI de colaborar com os serviços secretos de Rabat no controlo dos saharauis.
Madrid (Espanha), 19 de junho de 2023 (SPS)- Os serviços secretos marroquinos enfrentam uma situação cada vez mais problemática, vendo o seu plano de trabalho escapar-lhes por entre os dedos à medida que se acumulam escândalos relacionados com espionagem e ingerência em países europeus. Após o recente escândalo MOROCCOGATE, que envolveu subornos a altos políticos de instituições europeias, e as chocantes revelações sobre o uso do software israelita PEGASUS para espiar presidentes e ministros espanhóis, novos métodos usados pelos serviços secretos marroquinos estão agora a ser revelados, desta vez centrados no recrutamento de "imigrantes" como agentes secretos.
Segundo revela o diário espanhol EL PAIS na sua edição de segunda-feira (19/06), "uma decisão recente da Audiência Nacional revela a espionagem de Marrocos sobre a Frente Polisario em Espanha. A decisão nega a nacionalidade espanhola a um cidadão de origem marroquina que teve contactos com um 'chefe' dos serviços secretos marroquinos".
Nos documentos a que o diário espanhol teve acesso. "O Centro Nacional de Informações (CNI) detetou, em 2010, a existência de uma rede de espionagem marroquina que recolhia informações sobre a Frente Polisario e a colónia marroquina em Espanha. Não é a primeira vez que são reveladas atividades de espionagem do país norte-africano em território espanhol".
Em junho de 2021, recorda o EL PAÍS, "no meio da crise diplomática entre Marrocos e Espanha por causa dos cuidados de saúde em Logroño do presidente da República Árabe Saharaui Democrática (RASD), Brahim Gali, a CNI alertou para uma intensa atividade de espionagem marroquina contra a Frente POLISARIO. "O relatório detalhava que Marrocos utilizava recursos económicos para exercer pressão sobre o governo espanhol no conflito do Sahara Ocidental.
O acórdão da Audiência Nacional confirma as atividades de espionagem marroquinas em Espanha e refere que o requerente de nacionalidade espanhola colaborou com os serviços secretos marroquinos desde 2010. Este facto foi considerado como uma falta de "boa conduta cívica" e foi-lhe negada a nacionalidade.
"Este caso junta-se a outros em que cidadãos marroquinos viram os seus pedidos de nacionalidade rejeitados devido a relatórios da CNI que alertavam para a sua alegada colaboração com a espionagem marroquina. A Audiência Nacional já denunciou anteriormente as alegadas atividades de espionagem do país norte-africano em Espanha", acrescenta o jornal.
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