Abdulah Arabi, Delegado em espanha da Frente POLISARIO |
Madrid (ECS) 25-10-2023 - O Sumar, que defendeu a causa saharaui na campanha eleitoral de 23 de Julho, desistiu de reivindicar a posição saharaui no acordo de reedição do governo de coligação com o PSOE. A questão, após uma legislatura marcada pela histórica mudança de posição sobre o conflito na ex-colónia espanhola por parte de Pedro Sanchez, líder do PSOE e presidente do Governo, nem sequer aparece nas 48 páginas do documento apresentado esta terça-feira por Pedro Sánchez e Yolanda Díaz, líder do Sumar.
No seguimento deste acordo e da subsequente difusão da notícia, o delegado da Frente Polisario em Espanha, Abdulah Arabi, emitiu uma forte declaração. "Com a assinatura do referido acordo, Sumar perdeu uma oportunidade histórica no que respeita ao Sahara Ocidental e, em particular, no que respeita à posição de destaque que a Espanha deve assumir na conclusão do processo de descolonização do território. Um território do qual a Espanha continua a ser a potência administrante apesar das repetidas tentativas de se desvincular unilateralmente dessa responsabilidade", afirma a delegação saharaui para Espanha no seu comunicado.
Na prática, acrescenta o comunicado, dois anos após a viragem radical de Pedro Sánchez, que significou a rutura do consenso unânime da política externa espanhola ao tomar posição a favor das reivindicações defendidas por Marrocos em relação ao Sahara Ocidental, após os acontecimentos de ontem, a responsabilidade já não é exclusiva do atual presidente em exercício.
Pedro Sanchez e Yolanda Dias - Foto PSOE
No entanto, a Frente POLISARIO considera que, apesar da conclusão do acordo, as forças políticas signatárias estão ainda em condições de alinhar pelo respeito escrupuloso do direito internacional, pela proteção dos direitos humanos, pelo fim da pilhagem dos recursos naturais no território do Sahara Ocidental e, em suma, pela defesa do direito à autodeterminação do povo saharaui. É possível encontrar fórmulas complementares que garantam o respeito, a promoção e a proteção das legítimas aspirações do povo saharaui.
Para a delegação saharaui em Madrid, a recusa de incluir a questão do Sahara Ocidental no acordo de governo é uma clara incoerência em relação às posições assumidas por ambas as partes em relação a outros conflitos internacionais. "Trata-se de uma omissão contrária aos sentimentos dos cidadãos espanhóis, que demonstraram sistematicamente a sua rejeição da mudança de posição - inicialmente adoptada por Pedro Sánchez -, contrária ao direito internacional e com grandes implicações para a política espanhola, tanto do ponto de vista interno como externo", lê-se na nota.
Em conclusão, a delegação da Frente POLISARIO anuncia que se mantém à inteira disposição de todas as formações políticas que desejem levar a cabo iniciativas que contribuam para o exercício efetivo do direito à autodeterminação e à independência do povo do Sahara Ocidental.
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