sábado, 27 de janeiro de 2024

Isaías Barreñada: "A prossecução dos interesses dos seus aliados permitiu a Marrocos agir impunemente face ao direito internacional" | El Sur Digital Gran Canaria



O autor do livro "Breve historia del Sahara Occidental", apresentado ontem no Cabildo das Canárias, destaca a resistência do povo saharaui face às ações do governo marroquino.

Carmelo Ramírez afirma que o importante é que as Nações Unidas exerçam pressão sobre Marrocos, para que este país cumpra as resoluções do Conselho de Segurança e o povo saharaui possa conquistar a sua independência.

Isaías Barreñada, professor de Relações Internacionais na Universidade Complutense de Madrid e membro do Observatório Universitário Internacional sobre o Sahara Ocidental, apresentou ontem à noite o seu livro "Uma breve história do Sahara Ocidental" e destacou a resistência mantida pelo povo saharaui face às ações de Marrocos e sublinhou que a prossecução dos interesses dos aliados do reino alauita "permitiram-lhe agir impunemente face à legalidade internacional".

No evento, que teve lugar na sede do Cabildo, promovido pelo programa "Gran Canaria Solidaria" do Departamento de Solidariedade Internacional, sob a supervisão de Carmelo Ramírez, Barreñada lembrou que este trabalho foi publicado em 2022, alguns meses após a declaração feita pelo governo espanhol, avaliando positivamente a proposta marroquina de autonomia para o Sahara Ocidental, no âmbito do restabelecimento de relações normais com Marrocos, após uma crise bilateral.

Embora o livro pareça referir-se à história do Sahara, na realidade é uma análise da história atual do Sahara", explicou, sublinhando que o subtítulo "Resistência versus realpolitik" se deve ao facto de se concentrar em fornecer algumas chaves para compreender o comportamento da população organizada saharaui e as suas diferentes formas de resistência.

"Resistência política na frente diplomática, resistência na vida quotidiana do refugiado, resistência na criação de um Estado no exílio, resistência nas zonas ocupadas e, ultimamente, também com o regresso às hostilidades armadas", sublinhou.

O livro analisa o que está por detrás do comportamento de Marrocos, "que é a prevalência do pragmatismo e, sobretudo, da 'realpolitik', a prossecução de interesses que os aliados de Marrocos têm e que lhe permitiram agir impunemente face ao direito internacional", afirmou.

 

Um dos grandes conflitos esquecidos

Carmelo Ramírez, por seu lado, sublinhou a atualidade deste livro, uma vez que, como afirmou, "se trata de dar visibilidade a este conflito que, tendo em conta os anos passados, é um dos grandes conflitos esquecidos do nosso tempo".

Sublinhou também que este conflito se desenrola a cem quilómetros das costas canárias e lembrou que já passaram 60 anos desde que as Nações Unidas reconheceram o direito do povo saharaui à autodeterminação, sem que o referendo tenha ainda sido realizado.

"Existe uma situação de guerra neste momento, e o importante é que as Nações Unidas pressionem o governo marroquino, para que as resoluções do Conselho de Segurança sejam respeitadas e o povo saharaui possa ter acesso à autodeterminação e à independência", declarou o conselheiro.

 


Sem comentários:

Enviar um comentário