domingo, 21 de janeiro de 2024

“O referendo é a única solução para o Sahara” - afirma Sultana Khaya ao “Il Manifesto”

 

Sultana Khaya


Publicado em sahara-occidental.net | 20-04-2024 - A ativista saharaui dos direitos humanos, Sultana Khaya, afirmou que um referendo de autodeterminação continua a ser a única solução plausível para resolver a questão saharaui, apesar de apoiar a decisão da Frente Polisario de retomar a luta armada pela libertação do Sahara Ocidental ocupado por Marrocos.

"(...) Apoiamos e aprovamos a decisão da Frente Polisario de defender o seu povo retomando a luta armada pela sua libertação. Para o povo saharaui, a solução existe e está estabelecida há décadas, inclusive pela ONU: um referendo de autodeterminação que estabeleça a independência do nosso povo. Esta continua a ser a única solução para nós", declara Sultana Khaya em entrevista ao diário italiano Il Manifesto.

Khaya denunciou o aumento da violência e das detenções por parte das autoridades de ocupação marroquinas contra os civis saharauis nos territórios ocupados desde o recomeço da luta armada em 2020, sublinhando que "as restrições à circulação de uma cidade para outra ou a proibição de entrada de organizações internacionais, com o objetivo de ocultar o que se passa no Sahara Ocidental, são a prova disso".

"Rabat prende, reprime e usa a violência contra todas as formas de dissidência. Os ativistas foram obrigados a ficar em casa sem poderem sair, no meu caso, durante quase dois anos", recordou o ativista dos direitos humanos sobre a situação nos territórios ocupados.

Acrescentando: "A repressão chegou a tal ponto que os saharauis só têm duas opções: protestar correndo o risco de serem presos, ou fugir por meios improvisados para as ilhas Canárias e arriscar a vida no mar".

Referindo-se à situação "muito má" dos presos políticos saharauis detidos nas prisões marroquinas, Khaya indicou que a maior parte deles se encontram encarcerados a mais de 1000 quilómetros de distância dos territórios ocupados, sem que as suas famílias e advogados os possam contactar.

A ativista recordou que a Liga Saharaui para a Defesa dos Direitos do Homem, de que é presidente, recolheu numerosos testemunhos de torturas físicas e psicológicas, de isolamento durante vários meses consecutivos ou mesmo de recusa de cuidados aos doentes.

"Foi por isso que lancei um apelo à comunidade internacional para que verifique as suas condições. Além disso, já não sabemos nada sobre os prisioneiros condenados a prisão perpétua, se estão vivos ou não", afirmou.

Por outro lado, Khaya glorificou o papel das mulheres saharauis na resistência à ocupação, sublinhando que ele foi sempre fundamental.

"Ainda hoje, apesar do clima brutal de repressão, as mulheres saem à rua, lutam, são violadas e presas. Foi o que me aconteceu e, infelizmente, acontece todos os dias nos territórios ocupados. Nós, mulheres, somos o símbolo da resistência que continuará, apesar de tudo, até à libertação das nossas terras", afirmou.

 

Sem comentários:

Enviar um comentário