sábado, 27 de julho de 2024

Argélia exprime a sua "profunda desaprovação" do apoio da França ao plano de autonomia de Marrocos

Macron consegue que as relações franco-argelinas
atinjam um dos pontos mais baixos e tensos de sempre...

 

Argel, 25 Jul 2024 (SPS) A Argélia exprimiu na quinta-feira a sua "profunda desaprovação" pela decisão "inesperada, inapropriada e contraproducente" da França de apoiar o plano de autonomia para o Sahara Ocidental defendido por Marrocos, afirmando que o governo argelino "tirará todas as consequências decorrentes desta decisão francesa", pela qual o governo francês "é o único responsável total e completo".

O Ministério dos Negócios Estrangeiros sublinha que "a decisão foi comunicada oficialmente às autoridades argelinas pelas autoridades francesas nos últimos dias" e que "as potências coloniais, antigas e recentes, sabem reconhecer-se e compreender-se e estenderem a sua mão amiga".

De acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros(MNE) Argelino, "a decisão francesa resulta claramente de um cálculo político duvidoso, de um a priori moralmente questionável e de interpretações jurídicas que nada apoiam ou justificam".

"Esta decisão francesa não contribui para criar as condições de uma resolução pacífica da questão do Sahara Ocidental, mas antes reforça o impasse criado pelo pretenso plano de autonomia marroquino, que dura há mais de dezassete anos", afirma.

Para o MNE argelino, "apesar de a comunidade internacional estar há muito convencida de que a questão do Sahara Ocidental se inscreve indubitavelmente num processo de descolonização que deve ser completado, esta decisão francesa perverte e distorce os factos ao endossar um facto colonial e ao dar um apoio injustificável à soberania contestada e contestável de Marrocos sobre o território do Sahara Ocidental".

Esta posição francesa, prossegue o comunicado, "é tanto mais inoportuna quanto emana de um membro permanente do Conselho de Segurança que é suposto agir em conformidade com as decisões deste órgão de uma forma particular e com a legalidade internacional de uma forma geral".

"Finalmente, no momento em que a boa vontade das Nações Unidas se mobiliza para dar um novo fôlego à procura de uma solução para o conflito do Sahara Ocidental, a mesma decisão francesa contraria esses esforços, cuja implantação frustra e dificulta no melhor interesse da paz, da estabilidade e da segurança na região", deplora o MNE.

O governo argelino constata que a decisão francesa "não contribui em absolutamente nada para o objetivo de paz no Sahara Ocidental, que contribui para prolongar um impasse e que justifica e ajuda a consolidar o facto consumado colonial neste território", afirma.

"O governo argelino assumirá todas as consequências decorrentes desta decisão francesa, pela qual o governo francês é o único responsável", conclui o comunicado. (SPS)

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