Ontem, dia 08 de janeiro, Naama Asfari, completou 55 anos de vida. O seu aniversário foi passado numa prisão marroquina, já que foi condenado a 30 anos e detido arbitrariamente em Marrocos há mais de 14 anos, na sequência do acampamento da Dignidade de Gdeim Izik, que teve lugar no ano de 2010 e que constituiu o maior protesto civil nos territórios ocupados do Sahara Ocidental.
Em 2016, o Comité contra a Tortura da ONU condenou Marrocos por torturar Naama.
Em retaliação, a sua mulher Claude Mangin foi proibida de visitar o marido.
Em outubro de 2023, a ONU instou Marrocos a libertar imediatamente Naama e os outros prisioneiros de consciência saharauis.
A sua mulher, os seus amigos, aqueles que se solidarizam com a luta de libertação nacional do Povo Saharaui querem que o dia 8 de janeiro de 2025 seja o seu último aniversário na prisão. E por isso organizam uma Marcha pela Liberdade, de Paris à prisão de Kénitra (Marrocos). A partida realiza-se a 30 de março de Paris (Ivry).
Naama Asfari,
Naama Asfari nasceu no seio de uma família saharaui em 1970, em Tan Tan (1), uma cidade do sul de Marrocos. A sua família foi separada quando rebentou a guerra no Sahara Ocidental em 1975. Nesse mesmo ano, as autoridades marroquinas prenderam o seu pai, um conhecido militante saharaui. Na altura, Naama tinha apenas 5 anos e só voltou a ver o pai em 1991, quando tinha 21 anos.
A sua mãe tinha morrido enquanto o pai estava preso.
Com quase 30 anos e uma licenciatura em direito internacional e economia, Naama mudou-se para Paris para fazer um mestrado em relações internacionais. Sem esquecer a situação do seu povo, fundou com a sua mulher francesa o Comité para a Defesa dos Direitos do Homem no Sahara Ocidental (CORELSO).
O ativismo de Naama levou-o a ser preso sempre que se deslocava para visitar a família, que se mudou para El Aaiun, a capital do Sahara Ocidental. Nos 7 anos anteriores à revolta de Gdeim Izik já havia sido detido por 6 vezes pelas autoridades de ocupação marroquinas. Em 2009, passou 4 meses na prisão por transportar um porta-chaves com a bandeira saharaui.
Naama foi detido a 7 de novembro de 2010, na noite do desmantelamento do campo de Gdeim Izik. Estava a visitar um amigo em Laayoune quando a polícia secreta marroquina o veio buscar. Foi levado para um local desconhecido, onde lhe vendaram os olhos e lhe amarraram as mãos. Mais de 27 meses mais tarde, depois de ter estado preso durante todo esse tempo na prisão de Salé 2, o Tribunal Militar marroquino condenou-o a 30 anos de prisão.
Em 19 de julho de 2017, Naama Asfari foi condenado a 30 anos de prisão pelo Tribunal de Recurso de Salé (Rabat).
Na madrugada de sábado, 16 de setembro, todo o grupo de Gdeim Izik foi dividido e transferido para diferentes prisões do Reino de Marrocos, à exceção de Naama Asfari, que permaneceu na prisão de El Aarjat, a 1320 km de El Aaiún.
A sua mulher Claude Mangin foi por diversas vezes expulsa de Marrocos, há vários anos que não lhe permitem entrar no país para visitar o seu marido encarcerado.
(fonte: CEAS - Sahara - Espanha)
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