domingo, 27 de abril de 2014

Mal-estar na Comissão de Negócios Estrangeiros do Congresso com o ministro García-Margallo

A pergunta que colocam os deputados da Comissão de Negócios Estrangeiros e Cooperação é: A quem realmente serve a diplomacia espanhola liderada por ministros como García-Margallo e Moratinos ...?
  
A passividade que o Ministro dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, José Manuel García-Margallo, mostrou ante a expulsão de 28 espanhóis do Sahara Ocidental, onde Espanha continua ainda de jure a ser potência administrante, embora não de facto — como assinalou recentemente o juiz Pablo Ruz do Supremo Tribunal —, está sendo amplamente criticada dentro da Comissão de Negócios Estrangeiros da Câmara dos Deputados, presidida pelo Convergente Josep Antoni Duran i Lleida.

As sucessivas expulsões da antiga colónia espanhola, ordenada pelas autoridades marroquinas, que em apenas oito dias atingiu 28 membros de várias organizações de direitos humanos e de solidariedade com o povo saharaui (em alguns casos acompanhadas por maus-tratos verbais), sem qualquer tipo de resposta do ministro García-Margallo, são consideradas por muitos deputados como uma clara violação da obrigação do departamento em servir os cidadãos espanhóis no exterior, em particular quando sofrem agressão contra o Direito Internacional, que o Governo espanhol salvaguarda em relação a estrangeiros no interior do seu território nacional.

Particularmente impressionante foi o caso dos quatro aragoneses que foram intercetados pela polícia marroquina antes de chegarem por autocarro a El Aaiún vindos de Agadir (capital da região sudoeste de Souss-Massa-Draa), a quem nem sequer lhes foi autorizado telefonar para a Embaixada da Espanha em Rabat, liderada pelo  diplomata José de Carvajal Salido, ligado anteriormente a Marrocos durante três anos como cônsul em Tânger. Depois de serem forçados a voltar a Agadir, e sem recursos para sair do país, os jovens membros da Brigada Aragão-Sahara contactaram com a embaixada espanhola para que os ajudassem a gerenciar o seu regresso a Espanha, sendo objeto de uma falta de atenção por parte da representação diplomática qualificada no seu relato como "decepcionante" e de verdadeira vergonha.

"Quando lhes dissemos que a nossa intenção tinha sido entrar em El Aaiún, no Sahara Ocidental ocupado, eles pretenderam ignorar-nos. Explicaram-nos que tínhamos sido expulsos de uma área considerada sensível pelas autoridades marroquinas, algo que já deveríamos saber antes de ir. Insistiram que não poderiam fazer nada e deixaram-nos à nossa sorte", disseram os jovens aragoneses em declarações a vários meios de comunicação.

Considerando a continuidade com que ocorrem estes incidentes, vários membros da Comissão de Negócios Estrangeiros do Congresso preveem a apresentação de uma iniciativa parlamentar para pedir explicações ao ministro García-Margallo, a quem criticam a falta de apoio diplomático aos cidadãos nacionais expulsos de Marrocos e a sua atitude de serviço às autoridades marroquinas em vez de prestar apoio aos cidadãos espanhóis com problemas no exterior. A este respeito referem que o atual ministro segue a linha do ex-ministro socialista dos Negócios Estrangeiros, Miguel Angel Moratinos, galardoado no passado dia 25 de março, em Rabat pela Fundação Diplomática Marroquina como "grande amigo de Marrocos, distinção atribuída a personalidades que ajudaram a melhorar a imagem do referido país no mundo.


A pergunta que colocam os deputados da Comissão de Negócios Estrangeiros e Cooperação é esta: A quem realmente serve a diplomacia espanhola liderada por ministros como García-Margallo e Moratinos ...?

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