quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Entrevista a El Yamani Eddoghmi Ela Hacham, presidente da Associação Marroquina de Direitos Humanos



 “Marrocos é um país que viola os Direitos Humanos de forma sistemática”


A desinformação sobre os países árabes em Espanha, e em particular sobre Marrocos, é uma questão de fundo e parte de um pensamento colonial, de modo que qualquer aproximação à realidade política requer começar do zero e mostrar aqueles aspetos que os media fazem o possível por ignorar. Lidar com um projeto político que alimenta a visão política crítica da substância e da forma, que dá prioridade aos valores humanos, à ética e à justiça sociais, que porta em si a idiossincrasia do povo marroquino, cultura e crenças, que nasceu nas entranhas do povo marroquino, dá-nos a capacidade de saber o quê e o porquê do que se está passando em Marrocos nos nossos dias.

Falamos com o Presidente da Associação Marroquina dos Direitos Humanos. A sua presença em Espanha e a sua disposição a responder a qualquer tipo de pergunta, facilita colocar as questões e recolher as respostas que permitem a compreensão da realidade marroquina.






Senhor Eddoghmi, qual é a situação geral dos Direitos Humanos em Marrocos?

Apesar de todo o discurso da exceção marroquina generalizada na Europa em geral, e Espanha, em particular, devo dizer que é um discurso tendencioso e interessado, Marrocos é um país que viola os direitos humanos de forma sistemática, basta olhar para o relatórios de organizações nacionais e internacionais sobre o tema.

Atualmente, o Estado marroquino leva a cabo uma campanha feroz de repressão contra aqueles que se atrevem a denunciar esta situação, um exemplo ilustrativo é o que tem acontecido nos últimos dias: a 12 de agosto Ouafaa Charaf, membro do movimento 20 Março (20F), da AMDH e militante da Via Democrática (VD) foi condenada a um ano de prisão e uma multa de 5.100 € por uma alegada denuncia falsa; um dia depois apenas fomos abalados por outra trágica notícia, a morte do jovem Mustafa Meziani, após 70 dias de greve de fome.

Não devemos esquecer que Marrocos tinha tentado anteriormente já julgar jornalistas, como Ali Anouzla, etc. Hoje, há uma longa lista de presos políticos e de opinião nas prisões marroquinas. A tudo isto devemos adicionar um feroz ataque sobre as organizações de defesa dos Direitos Humanos, sindicalistas, etc. Como podemos ver, a situação é, no mínimo, trágica.


Fonte: Ramón Pedregal Casanova / Rebelión



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