segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Marrocos retira de Guerguerat e Polisario diz que é “areia para os olhos”


Militares saharauis na zona de Guerguerat




Argel, 27 fev (Lusa) – A Frente Polisário desvalorizou hoje a retirada de Marrocos de Guerguerat, uma zona contestada do Sahara Ocidental, como “areia para os olhos”, num comunicado divulgado em Argel.

Marrocos anunciou no domingo uma retirada unilateral de Guerguerat, na fronteira com a Mauritânia, sudoeste do Sahara Ocidental, uma iniciativa do rei Mohamed VI na sequência de um pedido do secretário-geral da ONU, António Guterres.

“A decisão de Marrocos de retirar as suas tropas perto de Guerguerat algumas centenas de metros é areia para os olhos” lê-se no comunicado divulgado no domingo à noite.

“Mal esconde o desprezo de Rabat pela legitimidade internacional, a sua obstinação e a recusa de quase três décadas de aplicar” as resoluções da ONU sobre o Sacara Ocidental, acrescenta o comunicado.

A Frente Polisário manifestou o seu apoio ao apelo de Guterres para “o respeito pelo espírito e pela letra do cessar-fogo em vigor desde 1991 e reiterou a exigência da organização de um referendo de autodeterminação do povo saharaui.

A tensão na antiga colónia espanhola anexada por Marrocos em 1975 aumentou em 2016 depois de a Polisário ter instalado um novo posto militar em Guerguerat, em resposta à decisão marroquina de construir uma estrada na “zona tampão”, atribuída à Frente Polisário, que a considera “territórios libertados”.

Segundo a imprensa marroquina, apenas quatro quilómetros de estrada foram construídos e os trabalhos estão suspensos desde dezembro devido a incursões da Frente Polisário.

Rabat justificou a construção da estrada com o “combate ao contrabando”, mas os separatistas consideram que ela visa apenas alterar o ‘status quo’.

Marrocos e a Frente Polisário combateram pelo controlo do Sahara Ocidental entre 1974 e 1991, até à celebração de um cessar-fogo mediado pela ONU.


Rabat considera a antiga colónia parte do seu território e uma “causa nacional”, propondo uma autonomia sob soberania marroquina, enquanto a Polisário, apoiada pela Argélia, exige o referendo sobre a autodeterminação.

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