Militares saharauis na zona de Guerguerat |
Argel, 27
fev (Lusa) – A Frente Polisário desvalorizou hoje a retirada de Marrocos de
Guerguerat, uma zona contestada do Sahara Ocidental, como “areia para os
olhos”, num comunicado divulgado em Argel.
Marrocos
anunciou no domingo uma retirada unilateral de Guerguerat, na fronteira com a
Mauritânia, sudoeste do Sahara Ocidental, uma iniciativa do rei Mohamed VI na
sequência de um pedido do secretário-geral da ONU, António Guterres.
“A decisão
de Marrocos de retirar as suas tropas perto de Guerguerat algumas centenas de
metros é areia para os olhos” lê-se no comunicado divulgado no domingo à noite.
“Mal esconde
o desprezo de Rabat pela legitimidade internacional, a sua obstinação e a
recusa de quase três décadas de aplicar” as resoluções da ONU sobre o Sacara
Ocidental, acrescenta o comunicado.
A Frente
Polisário manifestou o seu apoio ao apelo de Guterres para “o respeito pelo
espírito e pela letra do cessar-fogo em vigor desde 1991 e reiterou a exigência
da organização de um referendo de autodeterminação do povo saharaui.
A tensão na
antiga colónia espanhola anexada por Marrocos em 1975 aumentou em 2016 depois
de a Polisário ter instalado um novo posto militar em Guerguerat, em resposta à
decisão marroquina de construir uma estrada na “zona tampão”, atribuída à
Frente Polisário, que a considera “territórios libertados”.
Segundo a
imprensa marroquina, apenas quatro quilómetros de estrada foram construídos e
os trabalhos estão suspensos desde dezembro devido a incursões da Frente
Polisário.
Rabat
justificou a construção da estrada com o “combate ao contrabando”, mas os
separatistas consideram que ela visa apenas alterar o ‘status quo’.
Marrocos e a
Frente Polisário combateram pelo controlo do Sahara Ocidental entre 1974 e 1991,
até à celebração de um cessar-fogo mediado pela ONU.
Rabat
considera a antiga colónia parte do seu território e uma “causa nacional”,
propondo uma autonomia sob soberania marroquina, enquanto a Polisário, apoiada
pela Argélia, exige o referendo sobre a autodeterminação.
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