O presidente
saharaui Brahim Gali proferiu um discurso no dia 2 de fevereiro na wilaya de
Bojador (acampamentos de refugiados saharauis) em que abordou alguns aspetos da
28 Cimeira da União Africana e a entrada de Marrocos na UA:
“Conseguimos
um novo êxito após a aceitação da UA à admissão da monarquia marroquino. O seu rei
chegou, algo encolhido, e sentou-se na frente da bandeira e do brasão da
República Saharaui (RASD)
O rei de
Marrocos entrou na sala e sentou-se num lugar que não estava a mais de cinco
metros da bandeira da República Saharaui. Quem de nós havia imaginado ver algo
assim? Chegou, sentou-se, ouviu, conversou, mas não pronunciou nenhuma palavra
sobre o assunto.
Isto deve-se
à nossa resistência e perseverança, ao nosso apego à legalidade internacional e
à vontade de sacrificar tudo às aspirações do nosso povo, liberdade,
independência e construção de nosso Estado. Vocês acompanharam a farsa que encenou
Marrocos para a sua admissão. O rei de Marrocos em vinte dias visitou quarenta
e dois países africanos.
(...) Esta é
uma nova situação que requer que, nós, saharauis, valorizemos as nossas
instituições e nos sentamos orgulhosos delas. Porque o rei de Marrocos chegou
até aqui devido à nossa resistência, aos nossos sacrifícios, ao nosso apego aos
direitos e à nossa vontade de conquistar o direito à liberdade, à construção do
nosso Estado e à conquista da soberania sobre todo o nosso território. Isso é
que o levou a ceder, arrastando-se, para se sentar ao nosso lado. Nenhum país dos
54 Estados-Membros da UA se manifestou contra a República saharaui.
(...) Houve intensas
discussões sobre se Marrocos cumpre as condições que são princípios de que a
nossa organização defende: dar voz aos povos de África, promover o seu
desenvolvimento, a sua unidade. Marrocos está obrigado, depois de ter assinado
a constituição da UA, a mentalizar-se de que tem que cumprir esses requisitos.
O tenso debate centrou-se em se Marrocos vai cumprir, ou não, essas condições.
Em conformidade com os princípios dos povos do continente, promover a liberdade
dos povos do continente, a dignidade do continente, a voz do continente,
promover o desenvolvimento e unidade do continente.
...)
Geralmente Marrocos tem um guião de que dificilmente sai, no seu discurso e nos
seus argumentos. Daí a sua aparente fraqueza, a sua incerteza e de que o seu
argumento é frágil. O mundo inteiro viu, desde o dia em que invadiram a nossa
terra, que não tem razão. É um invasor ocupante, que deve abandonar o
território da República Saharaui, para que possam ganhar algum respeito dentro
da União Africana. Avizinha-se uma nova situação que irá dinamizar o processo, já
que antes estávamo-nos enfrentando através dos órgãos de comunicação, mas agora
o confronto é direto. Você são os invasores, são os ocupantes, vocês pilham os nossos
recursos, violam os direitos humanos, são expansionistas, é isso que irão ouvir
das nossas bocas. Isso irá ocorrer nas cimeiras, nas sessões plenárias
especiais, nos fóruns em que a UA está presente. Ambos somos membros da UA e temos
os mesmos direitos, mas nós temos a razão e o direito do nosso lado isso dá-nos
razão. Não iremos permitir que nos roubem o direito e a razão. Isto implica uma
grande responsabilidade nos nossos programas e nas nossas estratégias para
enfrentar esta nova dinâmica que foi aberta a 31 de janeiro de 2017.
Fonte: E. I.
C. Poemario por un Sahara Libre
Sem comentários:
Enviar um comentário