Horst Köhler, antigo presidente da Alemanha |
Depois de um
americano, de novo um europeu. Antonio Guterres, secretário-geral da ONU, propôs
que o seu Enviado Pessoal para o Sahara Ocidental seja Horst Köhler, 74 anos, antigo
presidente alemão (2004 à 2010). Marrocos e a Frente Polisario terão mostrado
boa predisposição, mas ainda não deram o seu acordo final, de acordo com fontes
diplomáticas.
Köhler é
esperado substituir o diplomata norte-americano Christopher Ross, que
teoricamente se demitiu no início deste ano, antes de o Conselho de Segurança
da ONU renovar no final mês o mandato da MINURSO. Na verdade, foi Guterres que
sugeriu a Ross a renunciar ao seu posto. Sabendo-o injuriado pelas autoridades
marroquinas, parecia-lhe difícil ele poder continuar a ser o mediador.
O seu indigitado
substituto tem um perfil muito diferente. Não é um diplomata, mas um político e
membro do partido democrata-cristão de Angela Merkel. É também é economista que
administrou a Federação dos bancos de poupança alemães antes de ser nomeado
presidente do Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento (BERD). Antes
de se tornar chefe de Estado, foi durante quatro anos (2000-2004) Director
Executivo do Fundo Monetário Internacional. Ele não sabe muito sobre o conflito
do Sahara Ocidental.
A Polisário
teria preferido que o enviado pessoal fosse norte-americano, como Ross ou como
James Baker, que foi Secretário de Estado do presidente George Bush. A sua
preferência ia para John Bolton, ex-embaixador dos EUA na ONU e homem próximo do
presidente Donald Trump. O apoio que lhe poderia dar o Departamento de Estado,
em teoria, daria mais peso à mediação, mesmo que não tenha tido êxito. A
hostilidade demonstrada pelas autoridades marroquinas contra os dois norte-americanos
contribuíram para as suas renúncias.
Rabat, por
seu lado, estava mais inclinado para um europeu, porque tem boas recordações do
diplomata holandês Peter van Walsum que, em 2008, propôs que os dois lados negociassem
sobre a oferta marroquina de autonomia, e não sobre a autodeterminação
reivindicada pelos independentistas saharauis. A diplomacia marroquina havia sugerido
o nome de Miguel Ángel Moratinos, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros
espanhol, que vê com bons olhos a proposta de autonomia para o Sahara.
Guterres irá
apresentar este mês o seu relatório anual ao Conselho de Segurança sobre o
Sahara (fê-lo no passado dia 10 de Abril, embora ele não tenha ainda sido
divulgado oficialmente e não apareça no sítio da ONU) o qual foi ainda em
grande medida escrito por Ross. O Conselho irá, em seguida, votar uma resolução
que irá fazer algumas recomendações e irá prolongar por um ano o mandato da
MINURSO. Ele será escrito pela missão dos Estados Unidos nas Nações Unidas e
submetido primeiro à aprovação da França, Rússia, Espanha e Reino Unido que
integram o Grupo de Amigos do Sahara Ocidental.
Sem comentários:
Enviar um comentário