sexta-feira, 14 de abril de 2017

Horst Köhler, antigo presidente da Alemanha, novo Enviado Pessoal do SG da ONU para o Sahara Ocidental


Horst Köhler, antigo presidente da Alemanha

Depois de um americano, de novo um europeu. Antonio Guterres, secretário-geral da ONU, propôs que o seu Enviado Pessoal para o Sahara Ocidental seja Horst Köhler, 74 anos, antigo presidente alemão (2004 à 2010). Marrocos e a Frente Polisario terão mostrado boa predisposição, mas ainda não deram o seu acordo final, de acordo com fontes diplomáticas.

Köhler é esperado substituir o diplomata norte-americano Christopher Ross, que teoricamente se demitiu no início deste ano, antes de o Conselho de Segurança da ONU renovar no final mês o mandato da MINURSO. Na verdade, foi Guterres que sugeriu a Ross a renunciar ao seu posto. Sabendo-o injuriado pelas autoridades marroquinas, parecia-lhe difícil ele poder continuar a ser o mediador.

O seu indigitado substituto tem um perfil muito diferente. Não é um diplomata, mas um político e membro do partido democrata-cristão de Angela Merkel. É também é economista que administrou a Federação dos bancos de poupança alemães antes de ser nomeado presidente do Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento (BERD). Antes de se tornar chefe de Estado, foi durante quatro anos (2000-2004) Director Executivo do Fundo Monetário Internacional. Ele não sabe muito sobre o conflito do Sahara Ocidental.

A Polisário teria preferido que o enviado pessoal fosse norte-americano, como Ross ou como James Baker, que foi Secretário de Estado do presidente George Bush. A sua preferência ia para John Bolton, ex-embaixador dos EUA na ONU e homem próximo do presidente Donald Trump. O apoio que lhe poderia dar o Departamento de Estado, em teoria, daria mais peso à mediação, mesmo que não tenha tido êxito. A hostilidade demonstrada pelas autoridades marroquinas contra os dois norte-americanos contribuíram para as suas renúncias.

Rabat, por seu lado, estava mais inclinado para um europeu, porque tem boas recordações do diplomata holandês Peter van Walsum que, em 2008, propôs que os dois lados negociassem sobre a oferta marroquina de autonomia, e não sobre a autodeterminação reivindicada pelos independentistas saharauis. A diplomacia marroquina havia sugerido o nome de Miguel Ángel Moratinos, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, que vê com bons olhos a proposta de autonomia para o Sahara.

Guterres irá apresentar este mês o seu relatório anual ao Conselho de Segurança sobre o Sahara (fê-lo no passado dia 10 de Abril, embora ele não tenha ainda sido divulgado oficialmente e não apareça no sítio da ONU) o qual foi ainda em grande medida escrito por Ross. O Conselho irá, em seguida, votar uma resolução que irá fazer algumas recomendações e irá prolongar por um ano o mandato da MINURSO. Ele será escrito pela missão dos Estados Unidos nas Nações Unidas e submetido primeiro à aprovação da França, Rússia, Espanha e Reino Unido que integram o Grupo de Amigos do Sahara Ocidental.


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