Poucas horas antes de abandonor o Palácio do Eliseu, François
Hollande levantou o segredo de 89 documentos sobre o caso do assassinato em França
do líder da oposição marroquina Mehdi Ben Barka, cujo corpo nunca foi
encontrado.
Jornal
argelino Liberté – 15 de maio de 2017 - O presidente francês, François Hollande,
decidiu uns dias antes de deixar o cargo, levantar o segredo sobre 89
documentos relacionados com o caso do assassinato em França do líder da oposição
marroquina Mehdi Ben Barka a 29 de outubro de 1965, cujo corpo nunca foi
encontrado.
Mehdi foi sequestrado
a 29 de outubro de 1965 na “Brasserie Lipp”, em Paris, por dois polícias
franceses. Ben Barka era um dos principais opositores socialistas ao rei Hassan
II e líder do movimento do Terceiro Mundo e panafricanista. O seu sequestro está
relacionado com os Serviços secretos de Marrocos. Todas as revelações e investigações
jornalísticas indicam a responsabilidade do Estado francês no assassinato do opositor
marroquino. O Courrier international revelou igualmente uma investigação realizada
por um jornal de Israel em que envolve os serviços da Mossad nos acontecimentos.
As
autoridades marroquinas solicitaram ao jornal mais informação e tiveram acesso
a vários detalhes de como os serviços de inteligência israelitas deveriam fazer
desaparecer o corpo de Mehdi Ben Barka; e de que como o seu cadáver terá sido provavelmente
enterrado durante a noite no bosque de Saint-Germain, depois de ter sido dissolvido
em ácido com produtos químicos comprados em várias farmácias, segundo a investigação.
A opinião favorável
da Commission du secret de la Défense
nationale (CSDN) para o levantamento do segredo foi publicada no Diário
Oficial da República Francesa, no dia 5 de maio passado. Esta desclassificação
concerne a 89 documentos relacionados com o caso.
O anúncio
foi possível através do encaminhamento para o CSDN pelo ministro da Defesa,
Jean-Yves Le Drian, depois de uma petição apresentada para desclassificação de
documentos dos arquivos do serviço de documentação externa e contra espionagem
(SDECEE) ao Ministério da Defesa. Esta desclassificação refere 89 documentos
relacionados com este caso.
Estes
documentos que serão validados pelo ministro da Defesa, serão remetidos ao juiz
de instrução, para que posteriormente os advogados da família Ben Barka os
possam consultar. Incluem relatórios, notas informativas, informações secretas,
atas de reuniões, entrevistas, interrogatório, bases de dados, biografias,
fotos e cartas conservadas nos arquivos do SDECEE.
Um documento,
porém, foi retido nesta desclassificação, tendo o CSDN levantar a sua desclassificação
de secreto. Segundo os media franceses, trata-se de um documento que em 2010 se
encontrava nas instalações da Direcção-Geral da Segurança Externa e cujo
conteúdo é desconhecido. No passado, vários arquivos foram desclassificados,
mas não ajudaram a resolver o mistério do assassinato de Mehdi Ben Barka.
Reagindo à decisão de François Hollande, Bachir Ben Barka, filho do opositor assassinado,
considerada esta desclassificação como um "primeiro passo", tendo
apelado na ocasião ao governo marroquino a fazer o mesmo.
Disse no
entanto estar "espantado" com este "medo da verdade" relativamente
ao bloqueio de um documento. "Estamos indignados com a falta de coragem
política para acabar com este dossiê de ambos os lados do Mediterrâneo", afirmou
ao canal de notícias France 24.
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