quinta-feira, 26 de abril de 2018

Conselho de Segurança adia votação sobre o Sahara Ocidental





26 abril, 2018 – La Vanguardia – O Conselho de Segurança da ONU vai adiar a votação da sua resolução anual sobre o Sahara Ocidental, prevista originalmente para esta quarta-feira, a fim de limar diferenças sobre o texto, disseram hoje à Efe fontes diplomáticas.
As negociações continuam por enquanto e o Conselho "ainda não está pronto para votar", explicou um diplomata do Conselho que pediu anonimato.

Por enquanto, uma nova data para a votação não foi estabelecida, que deve ser realizada em qualquer caso antes do final do mês, quando expira o mandato da missão da ONU no Sahara Ocidental (MINURSO).

No texto, além de estender a missão, o Conselho de Segurança tradicionalmente expressa a sua posição sobre os últimos desenvolvimentos no terreno e sobre o processo político.
Como todos os anos, os EUA são o país encarregado de redigir a resolução, que geralmente é adotada por consenso.

Este ano, o texto proposto por Washington encontrou a resistência de vários países e está sendo objeto de negociações de última hora.

Segundo fontes diplomáticas, a linguagem proposta pelos EUA não agrada à Frente Polisario, sobretudo porque apela ao progresso rumo a uma "solução realista, viável e duradoura" para o conflito.

Para a organização saharaui, estes termos estão muito longe da solução política "justa, duradoura e mutuamente aceitável" que o Conselho de Segurança vinha exigindo e poderia ser interpretada como um respaldo ao plano de autonomia que Marrocos defende face ao seu compromisso com um referendo sobre o futuro do território.

O esboço dos EUA também expressa a preocupação com a presença do Polisario dentro da "zona tampão" em Guerguerat, no extremo sul do Sahara, e pede que o movimento se abstenha de transferir funções administrativas para Bir Lahlu, no nordeste do território.
 Nas últimas semanas, Marrocos alertou repetidamente que recorrerá a todos os meios para expulsar elementos de Polisario daquela área.

A área está sob controle de Polisario e a ONU deixou claro nesta semana que não considera Bir Lahlu ou Tifarati dentro da "zona tapão", onde uma presença militar não é permitida pelos acordos entre as duas partes.

Por outro lado, o projecto de resolução pede aos países vizinhos que se envolvam mais estreitamente nas negociações, uma mensagem dirigida especialmente à Argélia, que Marrocos considera parte do conflito e que até agora se recusou a intervir diretamente nas discussões.

Portanto, de acordo com a fonte diplomática (contacta pela EFE), a proposta inicial dos EUA está mais próxima das teses marroquinas este ano.

A posição, segundo a fonte, é diretamente impulsionada pela administração em Washington e não pela missão na ONU.

Das negociações dependerá se o texto vier a ser modificado no último minuto ou se será colocado em votação na sua forma original.

Tanto o Conselho de Segurança como o SG das Nações Unidas, António Guterres, disseram que querem que as discussões entre o Marrocos e a Polisario sejam relançadas para tentar fechar o conflito após anos de bloqueio.

Com esse fim, o novo enviado da ONU, o ex-presidente alemão Horst Köhler, realizou uma ampla gama de contactos nos últimos meses.


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