domingo, 6 de maio de 2018

As patranhas de Marrocos





Publicado a 5 maio, 2018 - Fonte: SPS / Por Pepe Taboada

Não é a primeira vez, nem será a última, que Marrocos acusa a Frente Polisario de ter ligações com grupos armados considerados em alguns casos como grupos terroristas. Já disse que o Movimento de Libertação Nacional Saharaui  recibeu apoio dos “Vietnamitas”, dos “Gadafistas”, que tinha nas suas fileiras comunistas e assessores cubanos, que estava ligada à Al Qaeda do Magrebe Islâmico (AQMI)… E agora chegou a vez do Hezbollah. É a estratégia do makhzen (o poder palaciano). Era de rir se não fosse o eco que acolhe de alguns países, dispostos a utilizá-lo como aliados noutros lugares distantes deste conflito.

Marrocos, desde há mais de 40 anos, que inventa fantasmas para tentar obter apoio para a sua ocupação do Sahara Ocidental e, de acordo com diferentes circunstâncias regionais e internacionais, tentar "desacreditar" a luta justa e pacífica do povo saharaui pela sua liberdade e independência. Marrocos quer evitar o processo de negociação com o Polisario instado pelo Conselho de Segurança na sua sua Resolução 2414 do passado dia 27 de abril, não quer negociar uma solução justa e sem precondições e não quer assumir a prorrogação de seis meses da MINURSO ara que conclua o processo de descolonização do Sahara Ocidental, de acordo com os princípios da legalidade internacional e da Carta das Nações Unidas.

Marrocos acusa, mas nunca apresenta provas, simplesmente calunia; ameaçou mostrar mercenários durante os anos de guerra, mas não apareceu nenhum; falou de instrutores militares, e eles também não apareceram, tudo isso para esconder a ocupação militar de um território que invadiu pela força. Mas em contrapartida, Marrocos recebeu assessoria e ajuda de outras potências para evitar a sua derrota militar sobre o terreno, como foi a construção do Muro da Vergonha, de mais de 2.700 quilómetros e com 7 milhões de minas compradas ou doadas por seus países amigos.

O governo marroquino juntou-se à coligação árabe liderada pela Arábia Saudita contra o Irão, tanto na frente síria quanto na iemenita, para onde Rabat enviou aviões de combate e soldados. Os saharauis não têm que pagar por estes disparates para justificar este alinhamento no Médio Oriente, estão fartos de mentiras e patranhas para evitar a procura de uma solução pacífica e duradoura, segundo o direito internacional, para um conflito de mais de 40 anos que se mantém graças ao apoio de algumas potências, em particular a França e a Espanha, que querem continuar a explorar os recursos naturais do Sahara Ocidental.

O governo saudita condenou a suposta interferência iraniana nos assuntos internos do Marrocos por meio da milícia terrorista Hezbollah, que envolve elementos do grupo Polisario para desestabilizar a segurança e a estabilidade de Marrocos, segundo a versão de uma fonte oficial do Ministério das Relações Exteriores saudita . Este é o objetivo, você me apoia lá, eu te apoio aqui; uma estratégia geopolítica que usa a luta legítima do povo saharaui como moeda de troca.

Nestes tempos em que, infelizmente, o radicalismo e o terrorismo internacional são notícias quotidianas, os saharauis deram provas mais do que suficientes de que confiam nas Nações Unidas, no diálogo e na procura de uma solução pacífica: optaram pela paz. No entanto, os inimigos do povo saharaui não poupam esforços para tentar manchar a resistência e a luta do povo saharaui.

As patranhas do regime marroquino nunca foram credíveis e agora tampouco. Num prazo de seis meses, Marrocos terá de se sentar em negociações com o único e legítimo representante do povo saharaui, a Frente Polisário, para procurar uma solução justa e definitiva para este conflito que dura há demasiados anos.

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*Presidente do CEAS-SAHARA (Coordenadora Estatal de Associações Solidárias com o Sahara - Espanha).



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