Publicado a 5 maio, 2018 -
Fonte: SPS / Por Pepe Taboada
Não é a primeira
vez, nem será a última, que Marrocos acusa a Frente Polisario de ter ligações
com grupos armados considerados em alguns casos como grupos terroristas. Já
disse que o Movimento de Libertação Nacional Saharaui recibeu apoio dos
“Vietnamitas”, dos “Gadafistas”, que tinha nas suas fileiras comunistas e assessores
cubanos, que estava ligada à Al Qaeda do Magrebe Islâmico (AQMI)… E agora
chegou a vez do Hezbollah. É a estratégia do makhzen (o poder palaciano). Era
de rir se não fosse o eco que acolhe de alguns países, dispostos a utilizá-lo
como aliados noutros lugares distantes deste conflito.
Marrocos, desde
há mais de 40 anos, que inventa fantasmas para tentar obter apoio para a sua ocupação
do Sahara Ocidental e, de acordo com diferentes circunstâncias regionais e
internacionais, tentar "desacreditar" a luta justa e pacífica do povo
saharaui pela sua liberdade e independência. Marrocos quer evitar o processo de
negociação com o Polisario instado pelo Conselho de Segurança na sua sua
Resolução 2414 do passado dia 27 de abril, não quer negociar uma solução justa
e sem precondições e não quer assumir a prorrogação de seis meses da MINURSO ara
que conclua o processo de descolonização do Sahara Ocidental, de acordo com os
princípios da legalidade internacional e da Carta das Nações Unidas.
Marrocos
acusa, mas nunca apresenta provas, simplesmente calunia; ameaçou mostrar
mercenários durante os anos de guerra, mas não apareceu nenhum; falou de
instrutores militares, e eles também não apareceram, tudo isso para esconder a
ocupação militar de um território que invadiu pela força. Mas em contrapartida,
Marrocos recebeu assessoria e ajuda de outras potências para evitar a sua
derrota militar sobre o terreno, como foi a construção do Muro da Vergonha, de
mais de 2.700 quilómetros e com 7 milhões de minas compradas ou doadas por seus
países amigos.
O governo
marroquino juntou-se à coligação árabe liderada pela Arábia Saudita contra o
Irão, tanto na frente síria quanto na iemenita, para onde Rabat enviou aviões
de combate e soldados. Os saharauis não têm que pagar por estes disparates para
justificar este alinhamento no Médio Oriente, estão fartos de mentiras e patranhas
para evitar a procura de uma solução pacífica e duradoura, segundo o direito
internacional, para um conflito de mais de 40 anos que se mantém graças ao
apoio de algumas potências, em particular a França e a Espanha, que querem
continuar a explorar os recursos naturais do Sahara Ocidental.
O governo
saudita condenou a suposta interferência iraniana nos assuntos internos do
Marrocos por meio da milícia terrorista Hezbollah, que envolve elementos do
grupo Polisario para desestabilizar a segurança e a estabilidade de Marrocos,
segundo a versão de uma fonte oficial do Ministério das Relações Exteriores
saudita . Este é o objetivo, você me apoia lá, eu te apoio aqui; uma estratégia
geopolítica que usa a luta legítima do povo saharaui como moeda de troca.
Nestes
tempos em que, infelizmente, o radicalismo e o terrorismo internacional são
notícias quotidianas, os saharauis deram provas mais do que suficientes de que
confiam nas Nações Unidas, no diálogo e na procura de uma solução pacífica:
optaram pela paz. No entanto, os inimigos do povo saharaui não poupam esforços
para tentar manchar a resistência e a luta do povo saharaui.
As patranhas
do regime marroquino nunca foram credíveis e agora tampouco. Num prazo de seis
meses, Marrocos terá de se sentar em negociações com o único e legítimo
representante do povo saharaui, a Frente Polisário, para procurar uma solução
justa e definitiva para este conflito que dura há demasiados anos.
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*Presidente
do CEAS-SAHARA (Coordenadora Estatal de Associações Solidárias com o Sahara -
Espanha).
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