"Vivemos AMORDAÇADOS" |
3 de Maio
2018 - “ESTAMOS AMORDAZAD@S”. No dia Mundial da Liberdade de Imprensa, jornalistas
saharauis denunciam que Marrocos os agride e os encarcera por exercerem a sua profissão
no Sahara Ocidental ocupado. Comunicado do Centro Equipe Media de investigações
e direitos humanos, desde El Aaiún Ocupada, Sahara Ocidental
Texto do
comunicado:
Informar
sobre o que acontece no Sahara Ocidental ocupado desde 1975 por Marrocos tem um
preço muito alto para os jornalistas saharauis. Em nome da Equipe Media, um
coletivo de jornalistas/as que trabalha na clandestinidade alertamos de que o risco
na nossa profissão aumentou enormemente desde que as autoridades marroquinas se
deram conta do impacto que podem ter as imagens por nós captadas, que mostram a
resposta violenta e desproporcionada da polícia marroquina contra civis
saharauis que se manifestam pacificamente pelo seu direito à autodeterminação, reivindicando
direitos sociais, económicos e culturais.
Essas
imagens voam através das redes sociais e chegam a cada vez órgãos de
comunicação e organizações internacionais que monitorizam os direitos humanos
no Sahara Ocidental, um território que a que não podem aceder fisicamente. Só em
2017, Marrocos deportou ou negou a entrada a 20 pessoas, e organizações como a
Amnistia Internacional e a Human Rights Watch veem-se impedidas de trabalhar no
terreno.
Trabalhando
sem cobertura legal, os coletivos de jornalistas também registam violações de
direitos como a pilhagem dos recursos naturais, extraídos e vendidos por Marrocos
sem o consentimento da população saharaui. Organizações saharauis denunciam que
a população saharaui sofre a discriminação laboral e económica e que os frutos
da pilhagem apenas beneficiam o regime e os seus apaniguados, enquanto os
empregos são quase exclusivamente destinados a colonos marroquinos que vivem no
Sahara.
"Seguem-nos,
espionam-nos, ameaçam e perseguem as nossas famílias, roubam o nosso
equipamento, atacam-nos, detêm-nos e interrogam-nos, maltratam-nos e torturam-nos
sob custódia, acusam-nos de falsas acusações, julgam-nos sumariamente, aprisionam-nos.
Mas continuaremos a fazer o nosso trabalho, porque a nossa missão é quebrar o
silêncio e informar o mundo sobre o que acontece diariamente no Sahara
Ocidental ", Bachar Hamadi da Equipe Media.
A equipe
Media publicará em breve o seu relatório anual sobre a liberdade de imprensa no
Sahara Ocidental.
Na
sexta-feira, 28 de abril, o Conselho de Segurança da ONU renovou por mais seis
meses o mandato de sua missão no Saara Ocidental, conhecida como MINURSO
(Missão das Nações Unidas para o Referendo no Sahara Ocidental), sem dizer uma
palavra sobre a falta de liberdade de expressão, de informação e imprensa
existente no território, assim como as duras condições em que se encontram os
presos políticos saharauis, entre os quais há jornalistas.
Marrocos
proíbe os saharauis de terem órgãos de informação livres que mostrem as
violações que sofremos sistematicamente das forças de ocupação. Os membros da
ONU estão sob a égide da MINURSO na região.
Exortamos a
ONU a garantir os direitos dos jornalistas e o direito de trabalhar no território.
O Sahara é um território não-autónomo e, como tal, enquanto não for descolonizado,
a vigilância dos direitos humanos deve ser da competência da ONU.
Pedimos à comunidade
internacional que exija a Marrocos que pare de nos assediar e nos prender por
fazermos o nosso trabalho, que liberte os nossos camaradas na prisão e permita
a entrada de jornalistas e observadores de direitos humanos na nossa terra.
No Dia
Mundial da Liberdade de Imprensa, dizemos que no Sahara Ocidental não há nada
para celebrar.
O jornalismo
saharaui nos territórios ocupados foi criado para quebrar o bloqueio informativo
e mostrar ao mundo o que está a acontecer no Sahara Ocidental. Apesar dos
materiais utilizados serem rudimentares e da limitada formação, estes coletivos
levam longe as vozes do povo saharaui através dos seus sítios na net, blogs e
redes sociais.
Além da Equipe
Media há vários coletivos de jornalistas no Sahara Ocidental. Todos eles trabalham
de maneira clandestina.
– Smara News
– Red De
activistas
-SCMC
-Maizirat
-Salwan
Media
-Bentili
– Também há correspondentes
da RASD TV e da Radio RASD (com sede nos acampamentos da população refugiada
saharaui Nos arredores de Tindouf) em todas as cidades saharauis sob ocupação.
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