quarta-feira, 2 de maio de 2018

O Irão e o Hezbollah: Polisario acusa Marrocos de "mentiras" e exige que apresente provas



Cartoon de Dilem

Argel, 1 de maio (EFE) - A Frente Polisario qualificou hoje como "uma mentira profunda" a alegação de Marrocos de que coopera com o Irão no campo militar e desafiou Rabat a apresentar provas de suas "falsas alegações".

Em declarações à Efe, o porta-voz do Polisario, Mohamad Hadad, disse que jogada de Rabat se deve a um "mesquinho oportunismo político" com o qual pretende "evitar a negociação que a ONU deve fazer" sobre a questão do referendo pendente desde o acordo de cessar-fogo de 1991.

O governo marroquino anunciou esta terça-feira a rotura das relações diplomáticas com o Irão, a quem acusa de armar, financiar e formar a Frente Polisario através do Hezbollah, o partido xiita que domina no Líbano

A decisão chega apenas 24 horas depois de o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu ter acusado o Irão de fabricar armas nucleares e "obedecer a uma estratégia política similar", lembrou à agência Efe outra fonte da Polisário.

“A resolução (da ONU que pede para que sejam retomadas as negociações) deixou-os loucos. Isso significa que precisam desesperadamente da ajuda dos Estados Unidos e de Israel. É uma decisão louca que tomaram justamente quando Israel afirma ter evidências sobre o projeto nuclear" do Irão, explicou a mesma fonte, que pediu para não ser identificada.

Na mesma linha, Hadad insistiu que "a Polisario nunca teve qualquer relação militar, nem recebeu armas ou manteve contatos militares com o Irão ou com o Hezbollah".

"É uma mascarada e uma grande mentira. Marrocos procura proteção para se desligar do compromisso de negociação "que deve levar a uma consulta sobre a autodeterminação da ex-colónia espanhola, conforme solicitado pela ONU", disse o dirigente saharaui.

“Desafiamos Marrocos a fornecer a menor prova. Marrocos vive numa perfeita loucura e não sabe como sair da obrigação de "dialogar", concluiu.

No dia 27 de abril, o Conselho de Segurança da ONU resfriou as aspirações de Rabat dando um período de seis meses a Marrocos e à Frente Polisario para retomar as negociações sobre o Sahara Ocidental, sublinhando a necessidade de avançar para uma solução "realista" "e viável ".

Com doze votos a favor e três abstenções (da Rússia, China e Etiópia), o Conselho de Segurança aprovou uma resolução que prorroga por meio ano o mandato do Minurso - a missão das Nações Unidas na ex-colónia espanhola - em vez de dos doze meses habituais.

Segundo os especialistas, com esse prazo mais curto, procura-se enviar às partes um "sinal" de que a ONU quer acabar urgentemente com o bloqueio e ver progressos nas negociações, conforme defendido pelos EUA, promotor da iniciativa.

Se não houver progresso, será necessário estudar o assunto em profundidade neste outono, porque não se pode permitir que se mantenha esta situação de bloqueio, advertiu Washington.

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