sábado, 30 de junho de 2018

União Africana: Sahara Ocidental será tratado como ponto “separado e à parte”



31.ª Cimeira da UA na capital da Mauritânia

Nouakchott – O tema do Sahara Ocidental será inscrito, pela primeira vez, como um “ponto à parte e independente” de outros temas na agenda da 31ª Cimeira da União Africana (UA), segundo revelou esta sexta-feira em Nouakchott o ministro de Negócios Estrangeiros saharaui, Mohamed Salem Ould Salek.

“Esta cimeira é um importante pode inflexão para o problema do Sahara Ocidental porque
é a primeira vez que está na agenda da cimeira como um ponto independente e separado de outros temas”, afirmou o ministro saharaui em declarações à APS, em vésperas da reunião magna de Chefes de Estado e de Governo da UA, programada para este domingo e segunda-feira na capital mauritana.

Mohamed Ould Salek, MNE da República Saharaui
A questão do Sahara Ocidental não será abordada no “contexto geral e global dos conflitos”, afirmou, explicando que o tema será discutido a nível de Chefes de Estado e Governo, que também receberão pela primeira vez um “relatório exclusivo e independente” sobre a questão.

“Esperamos que tenha lugar um debate depois da publicação do relatório do presidente da Comissão da União Africana, marcando um ponto de inflexão no tratamento pela UA do problema do Sahara Ocidental”, afirmou Ould Salek acrescentando que “Marrocos sempre procurou retirar a questão saharaui da agenda da União Africana”.

Segundo o chefe da diplomacia saharaui, Marrocos subscreveu e ratificou o ato constitutivo da UA que “proíbe usurpar os territórios de outros através do uso da força”.

O Presidente da RASD é recebido pelo seu homólogo mauritano à sua chegada a Nouakchott 


Referiu também que Marrocos é obrigado a resolver o conflito através de negociações pacíficas, lembrando que desde 1991, data da criação da Missão das Nações Unidas para o Referendo no Sahara Ocidental (Minurso) e a entrada em vigor do cessar-fogo, Marrocos bloqueou a organização do referendo de autodeterminação previsto para 1992.
Criada a 29 de abril de 1991, a Minurso tem como objetivo preparar e organizar um referendo de autodeterminação para o povo do Sahara Ocidental.

Marrocos continua a “recusar” a ideia da descolonização do Sahara Ocidental, lamentou aquele dirigente, acrescentando que ao converter-se em membro da UA, procura agora criar “dificuldades” dentro da organização panafricana, para “desestabilizar as fileiras da nossa unidade ao mesmo tempo que persiste na sua ocupação do Sahara Ocidental”.

Ould Salek disse que esta cimeira da UA servirá, uma vez mais, para chamar à ordem Marrocos e os que estão por detrás dele, já que o Sahara Ocidental é uma questão africana, que não pode ser retirada da UA.


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