quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Frente POLISARIO interpõe ação no Tribunal de Paris contra a empresa francesa CHANCERELLE









Fonte: APS - Paris.- A Frente Polisario apresentou esta terça-feira, 18 de setembro, uma ação junto do promotor do Supremo Tribunal de Paris contra a empresa "Chancerelle", que opera a marca "Connetable", face a uma atividade "ilegal" no território saharaui ocupado.

A fábrica de conservas Connetable, localizada na França, em Finistère, também vende sardinhas de Marrocos, que representam mais da metade de sua atividade e do seu pessoal. Estas sardinhas são "ilegalmente" capturadas nas águas saharauis, disse o representante da Frente Polisario em França, Ubbi Buchraya Bashir, acrescentando que as latas são processadas na fábrica da empresa na cidade marroquina de Agadir "mas o peixe vem das águas saharauis".

Na última quarta-feira, a Chancerelle anunciou a assinatura de um investimento de 4 milhões de euros para a construção de uma nova fábrica de processamento de sardinha em El Aaiún, capital do Sahara Ocidental ocupado pelo Marrocos.


Exploração ilegal dos recursos do Sahara Ocidental
O CEO da empresa, Jean-François Hug, explicou que nesta nova fábrica as sardinhas serão processadas, isto é: "limpas, estripadas e colocadas em gelo antes de serem transportadas para a fábrica de Agadir".

"A nova unidade permitir-nos-á transformar as sardinhas assim que os navios atracarem para manter a cadeia de frio e controlar a sua qualidade o mais rápido possível", acrescentou.

A ação foi apresentada pelo advogado Gilles Devers inocando a "participação neste crime de colonização, punível nos termos do artigo 461-26 do Código Penal, crimes de discriminação económica e fraude em relação à origem" do produto, já que as caixas de sardinhas designam a proveniência como "Marrocos".

A Frente Polisario denuncia esta actividade dado se tratar de uma pesca que é realizada nas águas saharauis, "em violação dos direitos do povo do Sahara Ocidental".

"A exploração dos recursos naturais saharauis é uma clara violação das resoluções do Tribunal de Justiça da União Europeia (CEJ) de 2016 e 2018, que deixaram claro que Marrocos e o Sahara Ocidental são dois territórios distintos e separados." O representante saharaui disse: "Marrocos, exercendo uma ocupação militar, não pode reivindicar qualquer soberania sobre o território do Sahara Ocidental e suas águas adjacentes". Acrescentou que isso mesmo é contemplado pela Convenção de Genebra.

Para o representante legítimo do povo saharaui, "a solução é clara e transparente: se a Connetable quer pescar e enlatar peixe nas águas do Sahara, só a Frente Polisário pode autorizar a sua exploração através de acordos".



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