Nova Iorque, 6 de outubro de 2018
(SPS) -. O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, afirmou que o
Gabinete do Alto Comissário para os Direitos do Homem (Acnudh) está
preocupado com o "excessivo controlo" dos ativistas dos
direitos humanos e dos jornalistas nas zonas ocupadas do Sara
Ocidental.
"As autoridades marroquinas
continuam a restringir o acesso ao Sahara Ocidental a visitantes
estrangeiros, incluindo jornalistas e advogados", diz o SG da
ONU no seu relatório preliminar ao Conselho de Segurança do Sahara
Ocidental, que será discutido nos próximos dias.
Durante o período coberto pelo
relatório, Guterres informa que o ACNUDH recebeu vários relatórios
sobre a repressão de manifestações que reivindicam o direito do
povo saharaui à autodeterminação, bem como a cessação do saque
de recursos naturais saharauis.
De acordo com as Nações Unidas, o
Gabinete do Alto Comissariado continua a receber relatos da
impunidade dos autores de violações contra os saharauis, incluindo
prisões arbitrárias, tortura e maus-tratos de presos políticos.
Fazendo-se eco das reuniões do seu
enviado pessoal Horst Köhler com representantes da sociedade civil
em El Aaiún e Dakhla, o secretário-geral menciona a frustração
dos saharauis no que diz respeito às políticas discriminatórias do
Marrocos.
O diálogo entre Horst Köhler e os
representantes da sociedade civil nestas duas cidades ocupadas
revelou a mentira sobre os projetos de investimento marroquinos
alegadamente apresentados como programas de desenvolvimento dos
territórios saharauis.
Os representantes da sociedade civil
saharaui expressaram a sua preocupação pelos projetos de
desenvolvimento financiados por Marrocos no território, afirmando
que não beneficiaram a população indígena saharaui ", afirma
o relatório.
Esses mesmos representantes
"expressaram a sua frustração com as políticas
discriminatórias" que "impedem o acesso a empregos e
oportunidades económicas e restringem a sua liberdade de expressar
opiniões políticas", informa a ONU.
As ONGs não escaparam a este sistema
repressivo, expressando preocupação com a sua própria segurança
após as violações cometidas contra si pela polícia marroquina,
diz a ONU.
"Essas ONGs são unânimes em
declarar que a autodeterminação é a única maneira de resolver o
conflito", diz a ONU.
Os saharauis de El Aaiún e Dakhla
reafirmaram ao mediador da ONU nestas reuniões que os chamados
"eleitos" destes territórios não representam o povo
saharaui, mas sim uma elite minoritária que goza de importantes
privilégios económicos.
Essas preocupações também foram
expressas pelo presidente Brahim Gali durante a reunião que manteve
com Köhler em Junho passado em Rabouni, [nos campos de refugiados
saharauis no extremo sudoeste da Argélia]. O presidente saharaui
manifestou a sua profunda preocupação com a política de
colonização que Marrocos está levando a cabo no Sahara Ocidental.
Segundo o relatório, os assentamentos
de população e a nova configuração administrativa estão mudando
a composição demográfica no Sahara Ocidental.
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