Periodistas
em español - Artigo de Jesús Cabaleiro Larrán -31/12/2018 – Os
jornalistas saharauis estão a apelar à solidariedade de
organizações internacionais de direitos humanos, sindicatos de
jornalistas, ONG, associações e instituições, assim como de
ativistas de informação digital para dar visibilidade ao longo
conflito que travam, reivindicando uma solução justa para a
situação do Sahara.
Pedem
igualmente que organizações internacionais de jornalistas protejam
o seu trabalho. Nesse sentido, esperam a colaboração de
organizações como Repórteres Sem Fronteiras (RSF). As
reivindicações foram lidas nesta sexta-feira, 28 de dezembro de
2018, jornada em que se celebra o Dia Nacional dos Media no Sahara. A
data é motivada pela criação naquele dia da fundação da Rádio
Nacional.
No
texto distribuído, denunciam a "falsa propaganda marroquina",
lembrando o "exército eletrónico digital que se dedica a
causar ruídos e a espalhar boatos", bem como a necessidade de
divulgar e denunciar a "exploração ilegal e o esgotamento dos
recursos naturais nos territórios ocupados".
Os
ativistas da informação saharaui destacam também o papel de
resistência exercida pelos jornalistas que estão no território
ocupado por Marrocos e o trabalho que desenvolvem, apesar de todas as
dificuldades e assédios de todos os tipos que sofrem, dando a
conhecer a situação de repressão e a falta de direitos humanos de
que são alvo.
Os
signatários pedem a libertação de jornalistas prisioneiros
saharauis, num total de cinco membros da Equipe Media, e que as
organizações internacionais monitorizem e acompanhem a sua
situação, bem como a necessidade de montar campanhas que reclamem a
sua libertação.
Há
que recordar o papel dos jornalistas da Equipe Media — cidadãos
que trabalham na zona controlada pelo Marrocos e que cobrem o
conflito ante o silêncio dos grande órgãos de comunicação
internacional.
A
esse respeito, assinalam que "foram organizadas visitas secretas
de jornalistas aos territórios ocupados" para que dessem o seu
testemunho, lembrando também o papel desenvolvido nas universidades
marroquinas na consciencialização da situação no Sahara
controlado pelo Marrocos. Finalmente, agradecem a solidariedade dos
jornalistas argelinos.
Por
sua vez, o Observatório Internacional para a Proteção dos Direitos
Humanos condenou, no passado dia 22, a recente detenção a 4 de
dezembro da correspondente da RASD-TV e membro da Equipe Media, Nazha
El Khalidi, da 27 anos de idade, que foi presa e espancada em El
Aaiún pelas forças de segurança marroquinas.
O
Observatório solicita a Marrocos que garanta "o direito de
desenvolver atividades legítimas e pacíficas de direitos humanos",
já que a cidadã saharaui foi detida e posteriormente libertada sem
que tivesse havido qualquer acusação contra ela; e que intervenha
para "impedir o assédio, inclusive judicialmente, contra os
membros da Equipe Media "
Todos
os órgãos de comunicação saharauis têm um objetivo claro: romper
o bloqueio informativo de Marrocos e recordar ao mundo a situação
do povo saharaui. O Ministério da Informação da República Árabe
Saharaui Democrática (RASD) homenageou vários trabalhadores da
comunicação social.
História
dos Media saharauis
Importa
lembrar que a rádio é o meio de comunicação mais antigo no
Sahara; as primeiras transmissões foram realizadas em 1974 a partir
da Líbia com informações de meia hora sobre o então Sahara
Espanhol, até se estabelecer em 1977 nos campos de refugiados (no
extremo sudoeste da Argélia). O atual presidente do Parlamento
saharaui, Jatry Aduh, foi um dos que fizeram essa informação.
Nos
anos de guerra, entre 1976 e 1991, eram relatados os combates e dadas
informações sobre os mortos e os feridos. Atualmente, além da
informação, são emitidas rubricas de cultura, desporto, música, e
questões relacionadas com as mulheres e os jovens.
A
rádio é o meio mais barato e acessível, pois chega a todas as
tendas dos acampamentos que abrigam cerca de 175 mil refugiados
sarauís. A sua importância recai na sua função comunitária,
informa de todos os eventos, como a distribuição da ajuda
humanitária ou falecimento dos cidadãos nas cinco wilayas (campos
de refugiados).
Existe
também um semanário, o “Sahara El Hora”, com uma tiragem de
3000 exemplares com dezasseis páginas que é impresso em rotativas
argelinas. Este órgão de comunicação nasceu em 1976.
Posteriormente foi criada a revista Futuro Saharaui, em 1999.
O
Serviço de Imprensa Saharaui (SPS), a agência oficial de notícias
(Spsrasd), foi criado em 1999 e tem um website multilingue que teve o
seu início em 2001. A agência começou em francês, depois em
espanhol, em 2001; posteriormente em inglês em 2003; e,
curiosamente, em árabe mais tarde, em 2005; a última língua a ser
incorporada foi a russa, em 2012.
O
último órgão de informação criado foi a RASDTV, a televisão
saharaui, cujo projeto teve início em 2004, mas que só viria a ser
concluído e inaugurado em 2009, tendo passado a transmitir
informações também em espanhol desde 2014. Conta com dois estúdios
e cerca de dez pessoas, a maioria formada em Cuba. A emissão é
transmitida a partir de um satélite norte-americano, embora o acesso
mais fácil seja pela Internet.
A
população saharaui dos acampamentos de refugiados é a segunda mais
alfabetizada de todo o continente africano.
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