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Por Jesús Cabaleiro Larrán - Periodistas en Español - 21/01/2021
O último relatório global de 2021 da Human Rights Watch (HRW) sobre a situação em Marrocos levou à "rejeição categórica" do Governo, porque duvida da sua "imparcialidade e objetividade". Também houve duras críticas aos Repórteres Sem Fronteiras (RSF).
O executivo critica a ONG, apontando a sua "abordagem inadequada" e a "instrumentalização dos direitos humanos". Também assinala que é baseado em "idéias preconcebidas".
Já em dezembro de 2020, o governo marroquino havia se insurgido contra as denuncias da HRW sobre a repressão contra ativistas saharauis. Agora, o relatório também incluiu a proibição sistemática de manifestações a favor da autodeterminação no Sahara, bem como a repressão nas ruas e delegacias de polícia.
De facto, não é só no território saharaui que isso ocorre, há poucos dias o partido marroquino Vía Democrática, favorável ao direito à autodeterminação do Sahara, denunciou que um jovem da sua juventude, Mohamed Jeffi, foi detido pela polícia por defender nas redes sociais essa posição e a sua crítica à normalização pelo Makhzen das relações com Israel.
O relatório da HRW 2021 sobre o Marrocos denunciou "a intensificação da repressão" contra jornalistas, membros de redes sociais e artistas. Lembra também as campanhas de difamação em páginas da web "reconhecidamente próximas dos serviços de segurança", uma questão que ONGs marroquinas como a Liga dos Direitos Humanos também denunciaram.
O relatório também denuncia os obstáculos à Associação Marroquina pelos Direitos Humanos, a discriminação com base no sexo, o casamento infantil ou um sistema judicial que prioriza as provas de interrogatórios policiais obtidos "através de medidas de pressão".
Este ataque à HRW não é novo e confirma que nenhuma ONG independente é do agrado de Rabat. Devemos lembrar outros casos semelhantes, como o ocorrido no último verão de 2020 com a Amnistia Internacional (AI), que chegou a ser ameaçada de ser encerrado o seu escritório em Marrocos ao dar a conhecer a espionagem realizada contra o jornalista Omar Radi, atualmente preso.
Precisamente seis detenidos do Movimento do Rif e os jornalistas encarcerados Omar Radi, Souleiman Raissouni, Taoufik Bouachrine e Maati Monjib desencadearam uma greve de fome simbólica de 48 horas para denunciar a política do Estado marroquino contra a liberdade de imprensa, opinão e manifestação.
Membros do governo marroquino qualificaram a AI de "organização que afirma defender os direitos humanos", acrescentando que receberam um total de 72 relatórios críticos da AI nos últimos seis anos.
Outra ONG que sofreu as iras do Makhzen marroquino foi Repórteres Sem Fronteiras (RSF) devido aos seus relatórios anuais sobre o país e a situação da liberdade de expressão. Na quarta-feira, 20 de janeiro, o governo marroquino criticou os "ataques injustificáveis" e as "declarações difamatórias" quando a ONG questionou como é que jornalistas críticos do regime se transformam surpreendentemente em criminosos, lembrando os métodos dos serviços secretos marroquinos para desacreditar os denunciantes, citando os casos dos que se encontram presos.
Da mesma forma, até o Robert F. Kennedy Center nos EUA recebeu críticas por seus relatórios sobre Direitos Humanos, chamando-os de "tendenciosos e exagerados". E mesmo voluntários de ONGs estrangeiras que trabalham em Marrocos sofreram ameaças e perseguições por causa de suas roupas, razão pela qual tiveram que deixar o país.
Em suma, para o governo de Marrocos, nenhuma ONG internacional independente é bem vista e seus relatórios são todos "hostis e parciais", os mesmos qualificativos que usam para boa parte da imprensa espanhola.
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