Nova Iorque 23-11-2021 - As principais empresas internacionais estão relutantes em investir no Sahara Ocidental ocupado, apesar dos incentivos ao investimento oferecidos por Marrocos, informou a Market Research Telecast esta terça-feira.
"Marrocos tem vindo a estender o tapete vermelho há décadas a todo o capital estrangeiro (empresas) que desejem investir no Sahara Ocidental. Quem chega está isento de impostos e obstáculos burocráticos. Mas os acordos de comércio e de pesca entre Marrocos e a União Europeia correm o risco de ser definitivamente anulados pelo sistema judicial europeu", observa o jornal numa análise sobre os grandes negócios internacionais e o investimento no Sahara Ocidental.
Segundo aquele órgão de informação, as grandes e médias empresas consultaram as autoridades espanholas sobre a possibilidade de investir no Sahara Ocidental, mas estas consultas não foram além da fase de exploração.
Estas empresas "fizeram-no numa base exploratória, e nenhum dos projetos foi lançado", diz um observador internacional familiarizado com o investimento estrangeiro em Marrocos para a Market Research Telecast.
"Os presentes no Sahara Ocidental são de facto empresas marroquinas dirigidas por espanhóis", diz o observador, que solicitou o anonimato.
De facto, a opção de fundar uma empresa marroquina implica muitas vantagens para o investidor estrangeiro ao contratar pessoal e pagar impostos, tais como a isenção do imposto sobre o valor acrescentado (IVA), explica um operador espanhol ativo no Sahara Ocidental.
No entanto, as autoridades marroquinas não conseguiram até agora atrair grandes empresas espanholas.
"O capital internacional é temeroso, por definição. Além disso, em Espanha, a Frente Polisario é muito popular", reconheceu o operador.
A Frente Polisario tem "os meios para saber quem está a lucrar" com os recursos do Sahara Ocidental, e está "disposta a evitá-los", disse o embaixador saharaui em Argel, Abdelkader Taleb Omar, numa entrevista telefónica com a Market Research Telecast.
No domingo, a Frente Polisario apelou a todas as empresas estrangeiras a retirarem-se imediatamente do Sahara Ocidental ocupado, uma vez que a sua presença no território não autónomo constitui uma violação flagrante do direito internacional.
Segundo várias fontes consultadas pela Market Research, a maioria dos investidores espanhóis no Sahara Ocidental são pequenos empresários.
Mas independentemente da sua dimensão, estas empresas que se aventuram neste território ocupado são "cúmplices na pilhagem" dos recursos saharauis, disse o embaixador, alertando que a Frente Polisario "utilizará todos os meios legais para fazer cumprir a lei no Sahara Ocidental".
"Marrocos aproveitou o cessar-fogo de 1991 para se enriquecer a si próprio. Não permitiremos mais que ela ou os seus cúmplices estrangeiros continuem a fazê-lo".
É de notar que a Espanha é o país que mais investe no Sahara Ocidental, com um total de 28 empresas, seguido pela França (16) e Alemanha (15). Empresas de países distantes como o Bangladesh, Singapura ou Nova Zelândia estão também presentes no Sahara Ocidental, de acordo com o último relatório do Centro de Estudos e Documentação Franco-Sarianos, Ahmed Baba Miske, publicado em Janeiro.
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