sábado, 8 de janeiro de 2022

A Comissão Europeia mostra desprezo pelas decisões judiciais e defende a ocupação ilegal do Sahara Ocidental: Um novo relatório sobre “benefícios”

 

 

Representação na Europa e União Europeia da Frente POLISARIO COMUNICADO DE IMPRENSA

 

A Comissão Europeia mostra desprezo pelas decisões judiciais e defende a ocupação ilegal do Sahara Ocidental: Um novo relatório sobre “benefícios”

Enquanto, pelos seus acórdãos de 29 de setembro de 2021, o Tribunal Geral da União Europeia anulou os novos acordos de alargamento UE-Marrocos, a Comissão Europeia considerou oportuno publicar, a 22 de dezembro de 2021, um novo relatório elogiando os méritos da pilhagem dos recursos naturais do Sahara Ocidental por parte do ocupante marroquino.

Como único e legítimo representante do povo saharaui, a Frente Polisario rejeita este relatório, uma vez que os alegados "benefícios" nada mais são do que o fruto dos crimes cometidos pelo ocupante marroquino, cujo apologia faz a Comissão.

Recordando que o território saharaui é "um território separado que não faz parte de Marrocos", a Comissão Europeia refere-se às denominações legais marroquinas para designar o que constitui, no direito internacional, o território do Sahara Ocidental. Além disso, no final de setembro, em vésperas dos acórdãos do Tribunal, a Comissão visitou o território ocupado sem autorização válida, em violação do direito do povo saharaui à integridade territorial. A Comissão está determinada a promover a todo o custo a política anexionista do Reino de Marrocos, ou seja, as declarações da parte europeia sobre o respeito do direito à autodeterminação do povo saharaui são puramente verbais.

Mas este trabalho de sabotagem não termina aqui: como se fosse um dado secundário, a Comissão Europeia menciona os acórdãos do Tribunal de Primeira Instância numa nota de rodapé, afirmando que o acordo auditado pelo relatório foi anulado, sem mencionar as razões para esta anulação. E com razão: no seu acórdão de 21 de dezembro de 2016, o Tribunal de Justiça da União Europeia declarou que qualquer acordo internacional envolvendo o Sahara Ocidental deve receber o consentimento do povo saharaui sem que seja necessário determinar se tal acordo "pode ser-lhe prejudicial ou, pelo contrário, benéfico". Ao retirar as consequências deste acórdão, o Tribunal de Primeira Instância excluiu que o critério dos "benefícios para as populações" pudesse substituir o do consentimento "livre e genuíno" do povo saharaui. Com este relatório, a Comissão desafia abertamente a autoridade dos acórdãos do TJUE, quando a sua principal tarefa deveria ser assegurar o seu cumprimento. Tendo decidido interpor um recurso autónomo contra os acórdãos do Tribunal de Primeira Instância, a Comissão terá de explicar este facto ante o juiz.

Oubi Bouchraya, membro do Secretariado Nacional da Frente Polisario, representante para a Europa e a União Europeia, declarou a este respeito: "O conteúdo deste novo relatório é insuportável. Numa altura em que o povo saharaui sofre há mais de 40 anos com a ocupação ilegal por Marrocos, a Comissão elogia os alegados benefícios do regime que o brutaliza e pede desculpa pela colonização marroquina. A lei deve ser respeitada: o Tribunal de Justiça estabeleceu um critério claro para o consentimento do povo saharaui.

A recusa da Comissão Europeia em implementar de boa fé as decisões do Tribunal é motivo de grande preocupação. O respeito pelo direito internacional e pelo Estado de direito faz parte dos valores fundadores da União Europeia, que pretende promover na cena internacional. No entanto, o contrário é verdade: a Comissão Europeia está a alinhar-se com as autoridades marroquinas, que sempre demonstraram o maior desprezo pelas decisões judiciais, a começar pelo parecer do Tribunal Internacional de Justiça em 1975. Face a este surto de violência, o povo saharaui coloca-se sob a proteção do Tribunal, convencido de que aplicará a lei onde as instituições políticas da União Europeia falharam miseravelmente".

Bruxelas, a 08 de janeiro de 2022

 

Notas:

Ler Relatório da EU sobre os alegados «benefícios» AQUI

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