O livro “Una Vida Junto al Polisario”, da autoria de Lluis Rodríguez Capdevilla, e dado à estampa pela editora “Universo de Letras, acaba de sair em Espanha.
De uma
perspetiva de primeira pessoa, a narrativa revê a história recente do Sahara Ocidental,
especialmente desde que a Espanha abandonou o território entre 1975 e 1976.
Numa tentativa de analisar as principais chaves que explicam a origem do
conflito, o autor utiliza o testemunho de Larry Casenave e o tempo que este
antigo militar espanhol viveu entre os saharauis.
Larry
Casenave chegou ao antigo Sahara espanhol numa
altura em que o território estava a viver uma série de acontecimentos
históricos complexos que iriam marcar não só o futuro pós-colonial da chamada
53ª província de Espanha, mas também o rumo da própria vida do protagonista.
Entre o ensaio histórico e a biografia novelista, a narração utiliza o
testemunho pessoal de Larry como fio condutor para explicar as origens e causas
do conflito do Sahara Ocidental, bem como a realidade que o povo saharaui está
a atravessar no longo e ainda inacabado processo de descolonização do
território.
Larry
Casenave conta-nos como chegou ao Sahara Ocidental quando o território era uma
província espanhola. Como foi para o território para cumprir o seu serviço
militar e como, após um terrível incidente militar, teve de optar pela
dignidade de defender os direitos humanos contra as injustas e cruéis ordens
dos comandantes militares de uma ditadura ultrapassada.
Desertou
do exército espanhol para lutar com a Frente Polisario contra o ocupante
marroquino.
O
jornalista e escritor espanhol Tomás Bárbulo, no seu livro «La historia prohibida del Saharaespañol» já havia contado o que havia sucedido a Larry Casenave:
«Em
Mahbes conheceu um francês conhecido como Michel, um homem de Madrid chamado
Pepe, que foi logo apelidado de Bahia, um basco, um português e um italiano.
Todos eram ou tinham sido legionários. Os guerrilheiros deram-lhes espingardas
para que pudessem partilhar com eles as guardas do acampamento. Cinco dias
depois, El Uali [fundador e líder da Frente Polisario, nascido em 1948 e morto
em combate na Mauritânia a 9 de junho de 1976] chegou, acompanhado por jornalistas argelinos
e espanhóis. Numa conferência de imprensa, os legionários explicaram que tinham
desertado porque não concordavam com as ações do exército. Quando os repórteres
partiram, o líder da Polisario convidou-os para jantar e agradeceu-lhes as
declarações que tinham acabado de fazer.
-Vamos
fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para vos levar de volta aos vossos
países o mais depressa possível", disse ele.
Larry
levantou-se.
-Falo
apenas por mim. Comprometo-me a ficar convosco para ajudar no que puder.
-
Esta não é a sua guerra. Dar-lhe-emos um bilhete e uma autorização de viagem
que os argelinos nos deram como um favor. Também lhe daremos algum dinheiro
para que possa chegar a casa.
-Eu
sei que não é a minha guerra como espanhol, mas é a minha guerra como pessoa.
Outro
dos legionários levantou-se.
-Não
fiz nada com a minha vida, e penso que esta é uma oportunidade para lhe dar
sentido.
Um
após outro, os desertores explicaram porque queriam lutar ao lado dos
saharauis. Finalmente, El Uali cedeu e eles foram aceites».
A
capa do livro “Una vida junto al Polisario” ostenta a fantástica fotografia de
Christine Spengler à saharaui Nueina Djil e sua filha em 1976.
“Una
vida junto al Polisario” está á venda em papel ou em ebook na Libros.cc
ou na Amazon.
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