sexta-feira, 18 de novembro de 2022

«Uma Vida com a POLISARIO»

  

O livro “Una Vida Junto al Polisario”, da autoria de Lluis Rodríguez Capdevilla, e dado à estampa pela editora “Universo de Letras, acaba de sair em Espanha. 




De uma perspetiva de primeira pessoa, a narrativa revê a história recente do Sahara Ocidental, especialmente desde que a Espanha abandonou o território entre 1975 e 1976. Numa tentativa de analisar as principais chaves que explicam a origem do conflito, o autor utiliza o testemunho de Larry Casenave e o tempo que este antigo militar espanhol viveu entre os saharauis.

Larry Casenave chegou ao antigo Sahara espanhol numa altura em que o território estava a viver uma série de acontecimentos históricos complexos que iriam marcar não só o futuro pós-colonial da chamada 53ª província de Espanha, mas também o rumo da própria vida do protagonista. Entre o ensaio histórico e a biografia novelista, a narração utiliza o testemunho pessoal de Larry como fio condutor para explicar as origens e causas do conflito do Sahara Ocidental, bem como a realidade que o povo saharaui está a atravessar no longo e ainda inacabado processo de descolonização do território.

Larry Casenave conta-nos como chegou ao Sahara Ocidental quando o território era uma província espanhola. Como foi para o território para cumprir o seu serviço militar e como, após um terrível incidente militar, teve de optar pela dignidade de defender os direitos humanos contra as injustas e cruéis ordens dos comandantes militares de uma ditadura ultrapassada.

Desertou do exército espanhol para lutar com a Frente Polisario contra o ocupante marroquino.

O jornalista e escritor espanhol Tomás Bárbulo, no seu  livro «La historia prohibida del Saharaespañol»  já havia contado  o que havia sucedido a Larry Casenave:

«Em Mahbes conheceu um francês conhecido como Michel, um homem de Madrid chamado Pepe, que foi logo apelidado de Bahia, um basco, um português e um italiano. Todos eram ou tinham sido legionários. Os guerrilheiros deram-lhes espingardas para que pudessem partilhar com eles as guardas do acampamento. Cinco dias depois, El Uali [fundador e líder da Frente Polisario, nascido em 1948 e morto em combate na Mauritânia a 9 de junho de 1976]  chegou, acompanhado por jornalistas argelinos e espanhóis. Numa conferência de imprensa, os legionários explicaram que tinham desertado porque não concordavam com as ações do exército. Quando os repórteres partiram, o líder da Polisario convidou-os para jantar e agradeceu-lhes as declarações que tinham acabado de fazer.

-Vamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para vos levar de volta aos vossos países o mais depressa possível", disse ele.

Larry levantou-se.

-Falo apenas por mim. Comprometo-me a ficar convosco para ajudar no que puder.

- Esta não é a sua guerra. Dar-lhe-emos um bilhete e uma autorização de viagem que os argelinos nos deram como um favor. Também lhe daremos algum dinheiro para que possa chegar a casa.

-Eu sei que não é a minha guerra como espanhol, mas é a minha guerra como pessoa.

Outro dos legionários levantou-se.

-Não fiz nada com a minha vida, e penso que esta é uma oportunidade para lhe dar sentido.

Um após outro, os desertores explicaram porque queriam lutar ao lado dos saharauis. Finalmente, El Uali cedeu e eles foram aceites».

A capa do livro “Una vida junto al Polisario” ostenta a fantástica fotografia de Christine Spengler à saharaui Nueina Djil e sua filha em 1976.

“Una vida junto al Polisario” está á venda em papel ou em ebook na Libros.cc ou na Amazon.

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