Pier Antonio Panzeri (foto EPA/BBC) |
Lusa - 17-01-2023 | O ex-eurodeputado italiano Pier Antonio Panzeri, um dos principais suspeitos no escândalo de corrupção “Marrocos/Qatargate”, assinou ontem um acordo de cooperação com a procuradoria federal belga em troca de um ano de prisão efetiva.
“Por meio deste memorando”, precisou o ministério público num comunicado, “ele compromete-se a informar os investigadores e a justiça, em particular sobre (…) os acordos financeiros com Estados terceiros, os esquemas financeiros realizados e os beneficiários” dessa organização criminosa.
O ex-eurodeputado de centro-esquerda italiano “assinou uma confissão em troca de menos tempo de prisão, uma coima e a apreensão de todos os seus bens adquiridos de forma criminosa, cujo valor é estimado em cerca de um milhão de euros”, indicaram os procuradores federais belgas.
Segundo o seu advogado, Laurent Kennes, o acordo prevê uma pena que não ultrapassará um ano de prisão efetiva.
“Será proferida uma pena de cinco anos, mas suspensa para a parte que exceda um ano. Ele vai cumprir um ano de prisão, embora uma parte dele seja com pulseira eletrónica (ou seja, em prisão domiciliária)”, afirmou o advogado.
O acordo judicial foi concluído depois de o advogado de Panzeri ter dito que os envolvidos neste escândalo de corrupção em benefício do Qatar e de Marrocos que há um mês abala o Parlamento Europeu corriam o risco de ser condenados a penas de até quatro anos de prisão efetiva, e de a imprensa ter noticiado que Panzeri tinha dado a outro eurodeputado suspeito, o belga Marc Tarabella, entre 120.000 e 140.000 euros no âmbito deste caso.
Surgiu também um dia depois de um tribunal de Brescia ter aprovado um pedido dos procuradores belgas para a extradição da sua filha devido ao chamado escândalo “Marrocos/Qatargate”.
O pedido de extradição da mulher de Panzeri, Maria Dolores Colleoni, tinha já sido aprovado. Os dois casos seguirão agora para o Supremo Tribunal de Cassação, que poderá reverter ou não a decisão.
Panzeri, que está preso na Bélgica, a sua filha Silvia e a mulher são acusados de envolvimento em alegadas manobras do Qatar e de Marrocos para manipular decisões do Parlamento Europeu através do pagamento de subornos.
O eurodeputado italiano, demitido do cargo quando o escândalo se tornou público, foi detido a 09 de dezembro, juntamente com os seus concidadãos Francesco Giorgi, assessor do eurodeputado do Partido Democrático (PD) Andrea Cozzolino, e Niccolò Figa-Talamanca, secretário-geral da organização não-governamental (ONG) No Peace Without Justice (Não Há Paz Sem Justiça, em tradução livre).
A eurodeputada socialista grega Eva Kaili, demitida do seu cargo de vice-presidente do PE, retirada do grupo dos Socialistas & Democratas depois da revelação do escândalo e agora eurodeputada não-inscrita, foi também detida a 09 de dezembro. Kaili é namorada de Giorgi.
Todos foram indiciados por “pertença a uma organização criminosa”, “branqueamento de dinheiro” e “corrupção”.
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