TSA - Ryad Hamadi | 13-02-2023 - A situação não está a melhorar para Marrocos, envolvida no Marrocosgate, o escândalo da corrupção pelos seus serviços de membros do Parlamento Europeu.
A justiça belga está determinada a ir até ao fim. Quer agora os responsáveis marroquinos envolvidos neste caso.
O escândalo rebentou em Dezembro passado e a investigação da polícia e do poder judicial de Bruxelas levou à detenção e acusação de vários eurodeputados. O mais recente é o membro belga do Parlamento Europeu, Marc Tabarella, acusado e preso no sábado por "corrupção, branqueamento de capitais e participação em organização criminosa".
O inquérito revelou o papel de Marrocos na criação de uma rede de corrupção de deputados europeus com o objetivo de influenciar a política externa europeia, particularmente em questões relativas ao Sahara Ocidental e aos direitos humanos no Reino.
As principais figuras da operação são autoridades marroquinas. Até agora, pelo menos dois nomes foram citados: Abderrahim Atmoun, embaixador do Marrocos na Polónia, e Mohamed Bellahreche, oficial da DGED (inteligência externa) marroquina.
Depois dos corruptos, a justiça desencadeia a caça aos corruptores. O jornal francês “Le Figaro” informa em sua edição desta segunda-feira, 13 de fevereiro, que a justiça belga enviou à França mandados de prisão contra várias autoridades marroquinas.
O jornal não menciona os nomes desses alegados responsáveis, nem seu número ou posto. Mas é natural que o Embaixador Atmoun e o Oficial Bellahreche sejam uns deles, já que foram citados durante a investigação.
Marrocosgate: risco de agravamento da crise entre a França e Marrocos
De acordo com uma fonte diplomática citada pelo Le Figaro, estes mandados de captura embaraçariam as autoridades francesas.
As relações entre a França e Marrocos têm sido tensas há vários meses, provavelmente devido ao caso Pegasus, cujo nome deriva do software israelita utilizado pelos serviços marroquinos para espionagem de milhares de telefones em Marrocos e em todo o mundo, incluindo o do Presidente francês Emmanuel Macron.
Após o Parlamento Europeu ter aprovado uma resolução a 19 de Janeiro condenando as violações da liberdade de imprensa em Marrocos, políticos e meios de comunicação social daquele país acusaram abertamente o presidente francês e a Argélia de estarem por detrás deste acontecimento internacional.
“Estamos constrangidos. Essas pessoas têm filhos em França. Não gostaríamos de os ter de prender quando saíssem do avião se viessem vê-los», disse ao Le Figaro um diplomata sob condição de anonimato, a respeito dos responsáveis marroquinos reclamados pela justiça belga.
De forma mais explícita, o diplomata indica que tal poderá perturbar a agenda diplomática entre os dois países, nomeadamente a prevista visita de Emmanuel Macron a Rabat.
“São pessoas que não gostaríamos de tocar. Teria um mau efeito quando Emmanuel Macron estiver prestes a visitar Marrocos”, acrescenta o diplomata francês, ao Figaro.
Num sinal das tensões em curso entre os dois países, a visita presidencial tarda em materializar-se. O jornal francês Le Monde noticiou esta segunda-feira, 13 de Fevereiro, que ela foi novamente adiada para depois do mês do Ramadão, indicando que não terá lugar antes de 20 de abril. O Le Monde menciona a "falta de vontade" do reino em organizar esta visita.
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