Foto de arquivo EFE/Javier Otazu
Nações Unidas, 4 set (EFE) - A primeira visita do enviado da ONU ao Sahara Ocidental ao território disputado, que começou hoje sem ter sido previamente anunciada, é o resultado de Marrocos ter sido "forçado" a permiti-la, disse hoje à EFE a Frente Polisario.
O representante da Polisario na ONU, Sidi Mohamed Omar, recordou à EFE que já em julho de 2022, o enviado Staffan De Mistura não pôde realizar esta visita por ter rejeitado as "condições prévias" que Marrocos tinha colocado sobre onde ir e com quem se encontrar no Sahara Ocidental que administra, algo que foi confirmado num relatório do secretário-geral.
O diplomata saharaui sublinhou que desta vez Marrocos "foi obrigado e não teve outra escolha senão deixar De Mistura prosseguir a sua missão" para fazer sair o conflito do impasse em que se encontra.
Segundo Omar, a visita de De Mistura "não é um presente de ninguém", mas deve-se "à posição firme da Frente Polisario e à luta do povo saharaui, em particular dos seus militantes dos direitos humanos".
Mesmo assim, reconheceu que Rabat teve que dar a sua aprovação, o que considerou uma "situação anormal, uma vez que a potência ocupante não tem soberania nem jurisdição para autorizar ou não a visita de um funcionário da ONU a um território não autónomo".
O representante saharaui disse esperar que este primeiro contacto de De Mistura com os saharauis no território o ajude a conhecer em primeira mão a sua situação de "opressão pela potência ocupante", e em particular a dos presos políticos e dos militantes dos direitos humanos.
De Mistura iniciou o seu mandato como Enviado Pessoal do Secretário-Geral para o Sahara Ocidental em outubro de 2021, e desde então fez várias viagens a Rabat, Tindouf (sede da Frente Polisario na Argélia), Argel e Madrid, mas ainda não tinha pisado o território até hoje.
Antes de se deslocar a El Aaiún, esteve em Rabat com o embaixador marroquino junto da ONU, Omar Hilale, ou seja, não foi recebido por ninguém superior do Ministério dos Negócios Estrangeiros, o que pode dar uma ideia da frieza que reina entre De Mistura e Marrocos.
De Mistura tem a difícil tarefa de encontrar um terreno comum entre Marrocos, que só aceita uma proposta de autonomia inegociável, e a Polisário, que exige um referendo com a opção de independência, o que tem travado o conflito há mais de uma década.
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