Dia 02. - Explosão de mina anti-tanque na região de Dakhla, no sul do Sahara Ocidental ocupado, causando vítimas entre os civis saharauis.
04. - A televisão saharaui relata um alerta máximo por parte do exército de ocupação marroquino para bloquear qualquer manifestação saharaui antes da visita do enviado pessoal do SG da ONU para o Sahara Ocidental, Staffan de Mistura. A polícia e os paramilitares ocupam as principais ruas de El Ayoun, Os saharauis são agredidos e impedidos de se reunir para se manifestar. Segundo a Equipe Media, uma repressão brutal tem lugar durante um protesto de manifestantes saharauis, que apelam à ONU para que assuma as suas responsabilidades e proteja a população saharaui da repressão marroquina.
04. - As forças de ocupação marroquinas reprimem brutalmente uma manifestação pacífica organizada por associações saharauis de defesa dos direitos humanos na cidade de El Ayoun para reclamar o direito à independência e à autodeterminação durante a visita do enviado pessoal do secretário-geral da ONU para o Sahara Ocidental, Staffan de Mistura, aos territórios saharauis ocupados. Uma brutal ação policial dispersa os manifestantes para os impedir de reivindicar o seu direito de expressão e de manifestação. A intervenção policial provoca 11 feridos e várias detenções, relatam Equipe Media e Nuchatta. Um forte contingente do exército foi mobilizado para cercar a capital administrativa do Sahara, que se encontra tomada para impedir qualquer manifestação saharaui. Após um dia intenso de perseguições e ataques violentos, com agressões a mulheres saharauis na rua, a ativista dos direitos humanos e militante política Mahfuda Lefkir teve que ser transportada para o hospital Bin Amheidi.
04. - Marrocos redobra a repressão nos territórios ocupados do Sahara Ocidental, coincidindo com a visita do enviado da ONU para o Sahara Ocidental, Staffan de Mistura.
A visita do enviado pesoal do SG da ONU para o Sahara Ocidental, Staffan de Mistura, aos territórios ocupados é a primeira desde que assumiu o seu cargo há cerca de dois anos, após o continuado veto das autoridades marroquinas.
A Frente Polisario denuncia o forte dispositivo de segurança marroquino em El Ayoun durante todo o dia, com vigilância nas casas dos saharauis, que são seguidos para onde quer que se desloquem e agredidos por participarem em marchas e manifestações com bandeiras saharauis. A Frente Polisario acusa Rabat de "apertar o cerco militar imposto às cidades saharauis ocupadas", intensificando a sua "campanha frenética de repressão, perseguição e assédio aos ativistas dos direitos humanos e às suas famílias". Entre os saharauis atacados na rua em plena luz do dia contam-se Laila Elili, Hassana Duihi, Mariam Dembar, Mahfouda Lefkir, Mina Baali e Salha Boutenguiza. "Desde as primeiras horas da manhã, todas as casas dos defensores e ativistas são vigiadas e policiais è paisana seguem-nos para onde quer que vão.
05. - A polícia marroquina detém o preso político saharaui Mohamed Laichi na estação de Tarfaya, na cidade ocupada de El Ayoun, quando este se preparava para viajar para fora das zonas ocupadas.
Segundo a Associação Saharaui das Vítimas de Violações Graves cometidas pelo Estado marroquino (ASVDH), a detenção foi efetuada por agentes de segurança à paisana, que o conduziram ao comissariado de polícia para ser submetido a interrogatório, com ameaças de morte. Foi interrogado, ameaçado de morte e perseguido em represália pelas suas convicções políticas e pela sua luta pela liberdade e independência do seu povo. Depois de ter sido libertado, foi proibido de regressar à estção, sob ameaça de ser novamente detido. A ASVDH refere que, durante o interrogatório, Mohamed Laichi foi interrogado sobre as suas relações com a associação e o seu presidente, Bachri Bin Taleb, se se tinham encontrado recentemente e sobre as actividades em que tinha participado. Mohamed Laichi foi libertado em abril passado, após um ano de prisão.
05. - Representantes da agência noticiosa saharaui Equipe Media, que trabalha para romper o bloqueio informativo imposto pela Rabat nos territórios ocupados do Sahara Ocidental, denunciam a presença de um destacamento militar e paramilitar em El Ayoun com viaturas e canhões de água para impedir manifestações antes da visita do enviado especial da ONU, Staffan de Mistura, com quem os representantes da EM Mohamed Mayara e Sidi Brahim Laajil se reúnem para discutir vários aspectos da situação nos territórios ocupados do Sahara Ocidental.
07. - As forças de ocupação marroquinas prendem quatro saharauis quando estes se dirigiam a um encontro com o enviado pessoal do secretário-geral da ONU para o Sahara Ocidental, Staffan de Mistura, para o informar sobre a repressão e a falta de direitos nos territórios ocupados por Marrocos e a pilhagem sistemática dos recursos naturais. A detenção teve lugar ao meio-dia, em frente ao Bavaro Beach Hotel de Dakhla, tendo os detidos sido conduzidos ao comissariado de polícia e libertados à tarde.
Os detidos são:
-Ennaama Aghrichi, irmão do comerciante saharaui Lahbib Aghrichi, raptado a 7 de fevereiro de 2022 e que continua desaparecido. No relatório que a família enviou ao Comité dos Desaparecimentos Forçados da ONU, fornece informações que permitem deduzir a conivência da polícia marroquina no rapto. Ennama Aghrichi quis entregar o relatório a De Mistura.
-Hassan Zerouali trabalhava como vigia na construção do porto de Dakhla, mas foi despedido devido ao seu ativismo sindical e ao seu incitamento aos desempregados a protestar contra a ocupação marroquina, a fim de garantir o seu direito ao trabalho e a beneficiar dos rendimentos dos recursos naturais do seu país.
Rachid Sghayer, figura destacada do movimento de autodeterminação saharaui. Em 2009, foi detido em Casablanca com um grupo de defensores dos direitos humanos saharauis - o Grupo dos 7 - quando regressava de uma visita aos campos de refugiados saharauís. Foi detido durante vários meses sem julgamento. A 17 de julho de 2023, é vítima de uma tentativa de assassinato por colonos marroquinos. Em 2022, o seu irmão, Mohamed Sghayer, foi raptado pelas forças de ocupação marroquinas e o seu paradeiro é desconhecido.
Hamdi Grimich, jovem ativista do Coletivo dos Defensores dos Direitos Humanos no Sahara Ocidental (CODESA), organização não governamental que opera nas zonas ocupadas, foi preso durante um ano pelo seu ativismo.
22. - O preso político saharaui e jornalista Hassan Mohamed Radi Dah, do Grupo Gdeim Izik, inicia uma greve da fome de 48 horas em protesto contra a proibição dos seus direitos de estudo e de tratamento médico.
Segundo a Liga para a Proteção dos Presos Saharauis nas Prisões Marroquinas, o preso saharaui é alvo de discriminações constantes por parte da administração penitenciária marroquina que, no dia 19 de setembro, o proibiu de fazer os exames médicos de rotina de que beneficiam os presos da prisão central de Kenitra e o impediu de prosseguir os seus estudos para um doutoramento de pós-graduação. A Delegação Prisional anunciou que não responderia a nenhum pedido relacionado com estudos ou questões de tratamento médico enquanto Hassan Mohamed Radi Dah não renunciasse à sua identidade saharaui e à posição política pela qual foi arbitrariamente detido e condenado.
25. - O preso político saharaui Brahim Daddi Al-Ismaili é transferido da prisão de Ait Melloul 2, em Agadir (Marrocos), para o hospital a fim de realizar exames médicos, na sequência da deterioração do seu estado de saúde.
Segundo a Liga para a Proteção dos Presos Saharauis, o preso foi encontrado com uma perfuração no ouvido, em consequência das torturas físicas e dos maus tratos de que foi vítima durante os anos de prisão. Brahim Daddi Al-Ismaili sofre de várias doenças crónicas, incluindo dores no ouvido esquerdo, nas costas e arritmia, bem como hipersensibilidade, para as quais tem um regime especial de medicação, com o conhecimento das autoridades prisionais, que continuam a ignorar a sua situação, apesar das repetidas queixas. Brahim Daddi Al-Ismaili está a cumprir uma pena de prisão perpétua, na sequência do julgamento arbitrário e injustificado a que os membros do Grupo Gdeim Izik foram sujeitos entre 26 de dezembro de 2016 e 17 de julho de 2017, após o desmantelamento violento do acampamento de protesto organizado nos arredores de El Ayoune em 2010, condenado por organizações internacionais de direitos humanos como a Amnistia Internacional e a Human Rights Watch.
27. - Efetivos das forças de ocupação marroquinas atacam a casa da ativista saharaui dos direitos humanos Mahfouda Bamba Lefkir, no bairro de Zemla, na cidade ocupada de El Ayoun. Militante política saharaui, Mahfouda foi surpreendida quando a sua casa foi cercada por um grupo de oficiais e polícias marroquinos, que permaneceram de guarda à casa até às 16 horas da tarde.
28. - A casa da ativista saharaui Mahfouda Bamba Lefkir é novamente atacada com pedras e garrafas de vidro. O ataque termina com a retirada das câmaras de vigilância que a família utilizava para vigiar e denunciar os ataques de que é alvo. No final de maio de 2023, as forças de ocupação marroquinas confiscaram as câmaras de vigilância da mesma casa e agrediram física e verbalmente Mahfouda Bamba Lefkir e um grupo de activistas políticos saharauis.
28. - Por volta das seis horas da manhã, as forças de ocupação marroquinas atacam a casa do ativista político e dos direitos humanos saharaui Lahbib Boutenguiza, no bairro de Zemla, em El Ayoun. O defensor saharaui dos direitos humanos e antiga vítima de sequestro é membro do comité executivo do Coletivo dos Defensores Saharauis dos Direitos do Homem no Sahara Ocidental (CODESA).
Fonte: Contramutis
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