domingo, 5 de maio de 2024

FiSahara 2024 abraça a Palestina e atribui a 'Camela Branca' ao filme "200 metros"

 


Contramutis - 05-05-2024 | O Festival Internacional de Cinema do Sahara Ocidental reuniu milhares de pessoas durante uma semana para apelar à união dos povos oprimidos e à sua resistência como uma vitória.

O FiSahara (Festival Internacional de Cinema do Sahara Ocidental) encerrou a sua 18.ª edição honrando o lema escolhido para a edição deste ano: Jaimitna Fi Cinema (O Nosso Jaimah no Cinema): Resistir é Vencer. O filme palestiniano 200 metros, realizado por Ameen Nayfeh e produzido por Ahmad Al-Bazz, ganhou a Camela Branca, que o reconhece como o vencedor desta edição.


O palestiniano Ahmad Al-Bazz, recebe a «Camela Brana» prémio máximo do FiSahara


Na presença do presidente da RASD (República Árabe Saharaui Democrática) e SG da Frente POLISARIO, Brahim Ghali, e do primeiro-ministro, Bucharaya Beyun, terminou na noite de 4 de maio o festival de uma semana no campo de refugiados saharauis de Auserd, no deserto do Sahara argelino, informa o serviço de imprensa do festival.

Ao atribuir o prémio a este filme, que narra as adversidades causadas pelo muro erguido por Israel na Cisjordânia e a opressão a que é submetida a população palestiniana, o júri alargou a geminação de causas como a saharaui e a palestiniana, ambas resistindo ao incumprimento da legalidade internacional por parte de uma potência invasora. O próprio Al-Bazz, que chegou diretamente da Cisjordânia para receber o prémio, aceitou o prémio das mãos do ministro saharaui da Cultura, Moussa Salma, e da governadora de Auserd, Jira Bulahi, sublinhou o seu "orgulho em receber este prémio num festival como o FiSahara", ao mesmo tempo que afirmou que "enquanto fotojornalista e documentarista, continuarei a utilizar o cinema e o seu poder como instrumento de transformação".

O segundo prémio foi atribuído a «Insumisas», o documentário realizado por Laura Dauden e Miguel Ángel Herrera, que relata as atrocidades e os crimes contra a humanidade cometidos por Marrocos contra mulheres activistas, muitas delas dos Territórios Ocupados, como Sultana Jaya, Elghalia Djimi, Mina Baali, Omeima Mahmud Nayern e Jadiyetu El Mohtar. As activistas dos Territórios Ocupados Elghalia Djimi e Mina Baali receberam o prémio das mãos de Galia Yahia, Directora da Cultura na wilaya de Ausserd, e de Sidami Hafed, Directora da Casa da Mulher de Ausserd.

O terceiro prémio, entregue pelo ator Guillermo Toledo, foi atribuído ao filme «Igualada», realizado por Juan Mejía Botero, que conta a história de superação e resistência da vice-presidente colombiana Francia Márquez. A vencedora do Prémio Nacional da Paz da Colômbia e fundadora do Festival Audiovisual Montes de María (Colômbia), Soraya Bayuelo, recebeu o prémio, que destacou a coragem das mulheres que lutam contra a opressão.

Por último, o Prémio Eduardo Galeano para os Direitos Humanos reconheceu o trabalho do Coletivo de Activistas que Defendem os Direitos Humanos nos Territórios Ocupados. A jornalista e ativista Asria Mohamed entregou o prémio a activistas dos Territórios Ocupados, como Salha Boutenghiza, Mahfouda Lekfir, Nasrathoum Babi, Mina Baali, Laila Lilli, Elghalia Djimi, Soukaina Aamadour e Sidi Mohamed Daddach, conhecido como o "Mandela saharauí", entre outros.

A gala, que teve como anfitriãs as actrizes espanholas Carolina Yuste e Nathalie Poza e o activista senegalês Thimbo Samb, contou com a leitura conjunta pelos defensores dos direitos humanos Soraya Bayuelo (Colômbia), Milton Carrero (Porto Rico), Lurdes Pires (Timor-Leste) e Ahmad Al-Bazz (Palestina) de um manifesto de solidariedade com o povo saharaui.




A gala foi concluída com um concerto de Pedro Pastor e Álvaro Navarro, encerrando assim uma nova edição do festival que, como salientaram nas suas intervenções a sua directora executiva, María Carrión, e o responsável saharaui pelo Cinema e o Teatro no Ministério da Cultura, Ahmed Mahamud Mami, "após 20 anos de existência, continua a ganhar a sua importância entre tantas guerras e opressões, utilizando o cinema como arma".


Cultura e identidade contra a opressão

Na cerimónia de encerramento foram também entregues os prémios Le Frig, um espaço de tendas tradicionais saharauis em que as diferentes wilayas (acampamentos) concorrem em diferentes categorias. A lista dos vencedores foi encabeçada, no concurso nacional, pela wilaya de Auserd, seguida das de Smara, Dakhla, Bojador e El Ayoun, tendo Brahim Ghali e a Bucharaya Beyun entregue o prémio aos dois primeiros classificados. Do mesmo modo, na categoria regional, o vencedor da daira (bairro) foi Leguera, à frente de Zug, Tichla, Bir Ganduz; Miyek e Agüenit.

Le Frig é um dos eventos culturais que, desde o passado dia 30 de abril, data do arranque do FiSahara 2024, se juntou aos mais de trinta filmes, bem como às numerosas mesas redondas e exposições que tomaram a epopeia da resistência como uma espécie de vitória e de ligação entre os diferentes povos oprimidos, com o cinema como ponta de lança da resistência cultural.



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