quarta-feira, 15 de maio de 2024

Sahara Ocidental: Um antigo oficial do exército marroquino ataca o Makhzen

 

Abdelilah Isso sobreviveu a várias tentativas de assassinato enquanto residia em Espanha, incluindo uma tentativa de rapto em Madrid, em 2010, e um recente acidente de viação quase fatal a que escapou por pouco, que atribui à rede de espionagem marroquina que opera em Espanha.


Um antigo oficial do exército marroquino a residir em Espanha sublinhou a estratégia do regime de Makhzen de doutrinar o povo marroquino para apoiar a sua ocupação ilegal dos territórios saharauis.

"Infelizmente, a questão do Sahara Ocidental une o povo marroquino. Para mim, não porque a sua causa seja justa, mas porque os marroquinos sofreram e sofrem, desde há décadas, uma lavagem cerebral muito grave e sofisticada, que os transformou em meros «zombies», incapazes de pensar e analisar os factos", lamentou Abdelilah Issou, em entrevista publicada na segunda-feira pelo site "Ecsaharaoui".

Instado a pronunciar-se sobre o conflito do Sahara Ocidental, afirmou que o povo saharaui não tinha outra alternativa senão continuar a lutar pela sua liberdade e independência, prosseguindo a sua luta contra o ocupante marroquino, denunciando a inação da ONU, que qualificou como um instrumento de dominação nas mãos das potências ocidentais.

"Os patriotas saharauis não têm outra escolha senão continuar a lutar pela sua liberdade e independência. É claro que (...) poderiam fazer melhor, e poderiam também receber mais apoio (...) para poderem continuar a sua luta armada", sublinhou Abdelilah Issou. Denunciou a "hipocrisia ocidental sem precedentes" em relação ao conflito saharaui, sublinhando que "a contradição é a mesma que vemos na Palestina".

"Por um lado, armam e apoiam (a entidade sionista) e, por outro, apelam aos palestinianos oprimidos para que se acalmem", indignou-se. Neste contexto, o antigo oficial do exército marroquino apelou à Frente Polisario a prosseguir a sua luta armada até à independência do Sahara Ocidental, sublinhando que "ceder nesta fase da luta seria uma traição à causa".




"A palavra de ordem deve ser 'lutar e resistir até à morte'", insistiu. A uma pergunta sobre o papel da ONU no conflito saharaui, Abdelilah Issou indicou que esta instituição internacional "nunca foi justa nem fiável", e que sempre foi "um instrumento de dominação nas mãos das potências, em particular do Ocidente". "E se não, vejam o que fizeram com os palestinianos. Os saharauis têm a obrigação de denunciar pelo menos as duas medidas utilizadas pela ONU no caso do Sahara Ocidental e de prosseguir a sua ofensiva diplomática em todas as frentes", afirmou.

Por último, Abdelilah Issou dirigiu uma mensagem àquilo a que chamou a "pseudo-oposição marroquina no estrangeiro", que afirmou ter apelado à unidade em várias ocasiões, mas que infelizmente foi alvo de ataques por parte desses mesmos pseudo-opositores. Nascido em Tetouan, no norte de Marrocos, em 1965, graduado como segundo-tenente de infantaria na academia militar de Meknès em 1988, colocado no mesmo ano na frente de batalha do Sahara Ocidental, onde permaneceu até ao final de 1999, Issou sempre se apresentou como um antigo oficial do exército marroquino, opositor do regime de Mohamed VI.

Depois de deixar Marrocos em 2002, é atualmente considerado um dos principais observadores do seu país. Sobreviveu a várias tentativas de assassinato enquanto residia em Espanha, incluindo uma tentativa de rapto em Madrid, em 2010, e um recente acidente de viação quase fatal a que escapou por pouco, que atribui à rede de espionagem marroquina que opera em Espanha.

 

 

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