Foto oficial do presidente Emmanuel Macron |
A posição unilateral tomada pelo presidente Emmanuel Macron de apoio à posição marroquina de ocupação e exploração da antiga colónia espanhola do Sahara Ocidental agitou e dividiu o panorama político gaulês. Grande parte da direita e a extrema-direita apoiaram a posição do chefe de Estado francês - são conhecidos os poderosos lobbies políticos e económicos de que o Reino de Marrocos desfruta na antiga potência colonial; a esquerda, por seu lado, parece dividida ou silenciosa face à posição de Macron. O PS Francês, o Grupo Ecologista e o PCF criticam fortemente o presidente e a sua pessoal tomada de posição sobre o conflito.
“Emmanuel Macron trai a posição histórica e equilibrada da França sobre os direitos do povo saharaui, bem como sobre as resoluções da ONU”, escreveu na plataforma X o secretário-geral do Partido Comunista (PCF) Fabien Roussel, acusando o Chefe de Estado de abrir uma "crise diplomática grave".
«O PS Francês emitiu um comunicado bastante claro sobre a questão, condenando “uma viragem diplomática precipitada sem consulta ao Parlamento”. Eis o texto:
“O Partido Socialista reitera o seu empenhamento numa política externa que respeite o direito internacional, os direitos humanos e a livre determinação dos povos.
Tal como o resto do povo francês, descobrimos uma carta dirigida ao rei Mohamed VI por ocasião do 25.º aniversário da sua entronização, na qual o Presidente da República toma a decisão de reconhecer o projeto marroquino para o Sahara Ocidental. O PS, que está empenhado na amizade franco-marroquina, condena esta decisão unilateral, tomada sem o menor debate ou consulta com o Parlamento.
O PS exprime a sua preocupação quanto às consequências e apela a uma diplomacia baseada no apaziguamento e no diálogo.
Se não havia urgência que justificasse um tal anúncio em pleno Verão, no momento em que o governo demissionário deveria gerir a atualidade, o Presidente faz um jogo de comunicação sem visão política a longo prazo.
A diplomacia francesa não pode ser condicionada pela próxima visita de Estado de Emmanuel Macron a Rabat» - refere o comunicado socialista.
Por sua vez o Grupo Ecologista no Senado distribui um comunicado sobre a questão:
No campo da França Insubmissa, parece reinar a confusão: “A reviravolta de Emmanuel Macron em relação ao Sahara Ocidental reacendeu as divisões no seio da direção de La France insoumise. O próprio Jean-Luc Mélenchon, fundador da organização, opõe-se à tradicional linha anti-colonialista do partido”, assumindo-se há muito como um defensor das teses marroquinas. E não será certamente por haver nascido em Tanger, Marrocos. Logo: não se conhece, até ao momento, qualquer tomada de posição sobre o assunto por parte daquele que é um dos maiores e mais importantes movimentos políticos no Parlamento e no Senado e na sociedade francesa.
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