quinta-feira, 20 de março de 2025

Almirante da Marinha espanhola na reserva destaca Marrocos como a principal ameaça para Espanha

O almirante Juan Rodríguez Garat passou è reserva em 2018

Madrid (Espanha), 18 de março de 2024 (SPS) - Num momento de intenso debate europeu sobre política de segurança e aumento do orçamento de defesa, os círculos militares e de inteligência espanhóis percebem a situação como uma oportunidade para enfrentar a ameaça estrutural que Marrocos representa para a região. Esta visão, amplamente partilhada nos círculos de defesa espanhóis, coincide com o facto de Marrocos ser atualmente a principal fonte de ameaça e interferência na região para o Estado espanhol, bem como uma fonte de conflito permanente com todos os países vizinhos.

É com base neste novo cenário e nas novas projecções estratégicas que as declarações contundentes do almirante Juan Rodríguez Garat no programa “Espejo Público” reabriram o debate sobre a segurança de Ceuta e Melilla e evidenciaram a desconfiança da sociedade espanhola em relação às verdadeiras intenções do regime alauíta. “A Espanha diz que Marrocos é um país amigo, mas os espanhóis não acreditam”, afirmou o antigo comandante da Marinha, questionando firmemente a narrativa oficial promovida pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, José Manuel Albares, que insiste em apresentar o regime marroquino como um “parceiro estratégico”, apesar dos repetidos episódios de espionagem e ingerência.

Rodríguez Garat sublinhou a frequência com que surgem os conflitos diplomáticos com Marrocos e o impacto que estas tensões geram tanto nos meios de comunicação social como na opinião pública: "Temos muitos problemas com Marrocos numa base frequente. Cada vez que se fala de Ceuta e Melilla, a imprensa exagera as polémicas", sublinhou, deixando claro que os problemas não são acontecimentos isolados, mas sintomas de uma relação marcada pela desconfiança e pela pressão constante de Rabat.

Um dos pontos mais críticos do seu discurso foi a denúncia da falta de uma resposta clara da União Europeia às ameaças sofridas por Espanha em Ceuta e Melilla. "A UE protege a soberania de Espanha em Ceuta e Melilla. Mas até à data, esta cláusula não foi valorizada", lamentou Rodríguez Garat, referindo-se à ambiguidade das instituições europeias face às pressões de Marrocos e à sua política de ingerência regional.

As declarações do almirante Rodríguez Garat reforçam uma perceção partilhada há décadas por muitos povos da região, incluindo o povo saharaui: Marrocos não actua como um parceiro fiável, mas como um ator desestabilizador cuja política externa se baseia na ingerência, nas ambições territoriais e no desrespeito pela legalidade internacional. Esta atitude tem estado na origem de repetidas crises diplomáticas não só com Espanha, mas também com a Argélia, a Mauritânia e outros países vizinhos, que vêem em Rabat uma fonte constante de tensão e uma ameaça à estabilidade regional.

 

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