28 de junho de 2025 – O ex-conselheiro de segurança nacional dos EUA e membro do Partido Republicano, John Bolton, conhecido pela sua postura firme em política externa, reafirmou o seu apoio ao direito de autodeterminação do povo saharaui e criticou duramente a atuação de Marrocos no conflito do Sahara Ocidental.
Em entrevista concedida ao periódico Otralectura (em Inglês), Bolton afirmou:
“Nunca vi sinais de marxistas, jihadistas, iranianos ou quaisquer ligações terroristas nos campos saharauís de Tindouf. Isso é propaganda marroquina. Já lá estive várias vezes — se houvesse algo suspeito, sabê-lo-íamos.”
Segundo o diplomata, Marrocos teme o resultado de um referendo livre e justo, e por isso impede a sua realização, apesar dos compromissos assumidos nas resoluções da ONU e no Plano Baker, impulsionado nos anos 90 com apoio norte-americano.
Bolton lamentou que o referendo acordado com base no recenseamento espanhol de 1975 nunca tenha sido implementado. “Não era uma operação complexa. Havia cerca de 80 mil pessoas elegíveis. Mas Marrocos recusou cooperar”, afirmou.
O antigo responsável acusa Rabat de manipular a demografia do território ao enviar cidadãos marroquinos para o Sahara Ocidental com o objetivo de influenciar o desfecho de um possível referendo, e de agir com “impunidade” no que toca à exploração de recursos naturais, como os fosfatos de Fos Bucraa, “sem legitimidade legal”.
Sobre o reconhecimento da soberania marroquina por parte de Donald Trump, Bolton foi claro:
“Foi uma troca errada nos Acordos de Abraão. Não muda nada. As resoluções da ONU continuam válidas: deve haver um referendo.”
Por fim, reconheceu que o conflito permanece pouco compreendido nos EUA:
“Alguns congressistas ainda são induzidos a acreditar que a Polisario tem ligações ao Irão, mas não há provas. A questão é simples: o povo saharaui deve poder decidir o seu próprio destino.”

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