sábado, 16 de fevereiro de 2013

Concluídas sessões do julgamento militar contra 24 saharauis pelos acontecimentos de Gdeim Izik



O tribunal militar de Rabat que julga o caso de 24 saharauis alegadamente implicados nos distúrbios pelo desalojamento, em 2010, do acampamento de protesto de Gdeim Izik, nas cercanias de El Aaiún, deu por concluída a fase da comparência de testemunhas e réus e considera-se pronto a emitir uma sentença.

Ontem, sexta-feira, foram ouvidas as últimas testemunhas, e após uma última intervenção dos réus prevista para este sábado, o tribunal decidirá sobre os delitos que lhes são imputados: integração em bando criminoso, violência contra as forças da ordem com resultado de morte, ingerência na segurança interna e externa do Estado e mutilação de cadáveres.

A defesa, na sua alegação final de sexta-feira, pediu a absolvição de todos eles por considerar que não existem provas válidas acusatórias, que não tinham intenção criminosa e que não existem factos constitutivos de delito. Nesse sentido, considera que as declarações verbais alegadamente obtidas pela Polícia Judiciária em que os acusados se autoinculpam são nulas e que contêm contradições, segundo informa a agência de notícias oficial marroquina, MAP.

A Procuradoria, por seu lado, insistiu na validade e legalidade dos documentos policiais, onde se reúnem elementos suficientes para considerar os delitos, como a existência de um plano detalhado para cometer os crimes que inclui as ferramentas necessárias, os fundos e o lugar em que se perpetrará.

O Procurador projetou sexta-feira na sala de audiência como prova imagens emitidas por uma televisão espanhola de crianças palestinas mortos em Gaza que se atribuíam a Gdeim Izik, com a intenção de induzir o erro.

Os advogados dos réus alagaram que as fotografias em que aparecem os acusados acompanhados por membros da Frente Polisario apresentadas pela Procuradoria são “a verdadeira razão da sua perseguição” a que estão a ser submetidos. Denunciaram Igualmente as irregularidades no processo contra os acusados, ativistas “pacíficos”.

Familiares dos presos às portas do Tribunal Militar

Fora do tribunal dezenas de manifestantes com bandeiras marroquinas, incluindo dirigentes políticos, pediam justiça para as vítimas dos distúrbios, onze polícias e dois civis, segundo Marrocos. A Frente Polisario afirma que morreram dezenas de saharauis e mais de 700 ficaram feridos.

O acampamento de Gdeim Izik foi erguido em outubro de 2010 para denunciar a discriminação e as violações de Direitos Humanos que sofre a população saharaui e foi desmantelado no mês seguinte pelas forças de segurança marroquinas, que detiveram cerca de 3.000 pessoas. No momento do desalojamento haviam 8.000 pessoas acampadas, uma cifra que chegou a ser de 40.000 no pico do protesto, quando foram erguidas bandeiras da autoproclamada República Árabe Saharaui Democrática.

Fonte: expansion.com

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