O tribunal militar de Rabat que julga o caso de 24 saharauis
alegadamente implicados nos distúrbios pelo desalojamento, em 2010, do acampamento
de protesto de Gdeim Izik, nas cercanias de El Aaiún, deu por concluída a fase
da comparência de testemunhas e réus e considera-se pronto a emitir uma sentença.
Ontem, sexta-feira, foram ouvidas as últimas testemunhas, e
após uma última intervenção dos réus prevista para este sábado, o tribunal
decidirá sobre os delitos que lhes são imputados: integração em bando criminoso,
violência contra as forças da ordem com resultado de morte, ingerência na segurança
interna e externa do Estado e mutilação de cadáveres.
A defesa, na sua alegação final de sexta-feira, pediu a
absolvição de todos eles por considerar que não existem provas válidas acusatórias,
que não tinham intenção criminosa e que não existem factos constitutivos de
delito. Nesse sentido, considera que as declarações verbais alegadamente obtidas
pela Polícia Judiciária em que os acusados se autoinculpam são nulas e que contêm
contradições, segundo informa a agência de notícias oficial marroquina, MAP.
A Procuradoria, por seu lado, insistiu na validade e legalidade
dos documentos policiais, onde se reúnem elementos suficientes para considerar os
delitos, como a existência de um plano detalhado para cometer os crimes que
inclui as ferramentas necessárias, os fundos e o lugar em que se perpetrará.
O Procurador projetou sexta-feira na sala de audiência como
prova imagens emitidas por uma televisão espanhola de crianças palestinas mortos
em Gaza que se atribuíam a Gdeim Izik, com a intenção de induzir o erro.
Os advogados dos réus alagaram que as fotografias em que aparecem
os acusados acompanhados por membros da Frente Polisario apresentadas pela
Procuradoria são “a verdadeira razão da sua perseguição” a que estão a ser submetidos.
Denunciaram Igualmente as irregularidades no processo contra os acusados, ativistas
“pacíficos”.
Familiares dos presos às portas do Tribunal Militar |
Fora do tribunal dezenas de manifestantes com bandeiras
marroquinas, incluindo dirigentes políticos, pediam justiça para as vítimas dos
distúrbios, onze polícias e dois civis, segundo Marrocos. A Frente Polisario afirma
que morreram dezenas de saharauis e mais de 700 ficaram feridos.
O acampamento de Gdeim Izik foi erguido em outubro de 2010
para denunciar a discriminação e as violações de Direitos Humanos que sofre a
população saharaui e foi desmantelado no mês seguinte pelas forças de segurança
marroquinas, que detiveram cerca de 3.000 pessoas. No momento do desalojamento
haviam 8.000 pessoas acampadas, uma cifra que chegou a ser de 40.000 no pico do
protesto, quando foram erguidas bandeiras da autoproclamada República Árabe
Saharaui Democrática.
Fonte:
expansion.com
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