Em dois atos distintos convocados
para avaliar as condições do recente processo, a Associação Marroquina dos Direitos
Humanos (AMDH) e a Organização Marroquina dos Direitos Humanos (OMDH)
consideraram que o desenrolar do processo registou alguns avanços positivos, mas
insistiram na necessidade de acabar com os julgamentos militares para civis.
Do mesmo modo, condenaram o longo
período de detenção preventiva (2 anos e 3 meses) de todos os acusados, e a não
investigação por parte do juiz das frequentes denúncias de torturas que, segundo
os acusados e a defesa, serviram para lhes arrancar confissões que serviram como
prova, à falta de outras.
A presidente da AMDH, Jadiya Riadi, qualificou o veredito de "desorbitado, injusto e muito duro", e assegurou que "a maioria dos saharauis são defensores dos direitos humanos (...) e foram condenados pelas suas ideias".
Jadiya Riadi referiu que "o tribunal não conseguiu encontrar provas contra eles", e como exemplo denunciou as fotos que a acusação exibiu de vários dos acusados com o presidente da Frente Polisario.
A representante da AMDH mostra-se pessimista ante os próximos procedimentos judiciais já que “agora só é possível recorrer ao Tribunal de Cassação, que é responsável por revisar as formas em que foi realizado o processo, mas não o conteúdo”. "A única solução que têm é uma decisão política, um indulto", referiu.
Quanto à OMDH, não quis valorar a sentença por não ter tido acesso a uma cópia oficial do mesmo e desconhecer os motivos em que o juiz fundamenta as condenações, mas o seu presidente, Ahmed Nachnach, congratulou-se, pelo menos, com o facto de não ter sido pronunciada nenhuma pena de morte.
Em relação ao aparecimento de três ministros marroquinos frente ao tribunal, onde se fotografaram junto com os familiares das vítimas marroquinas – sem terem feito o mesmo com os familiares dos saharauis julgados - Nachnach não viu nisso nenhum problema pois, segundo ele, "estiveram presentes enquanto responsáveis políticos a expressar a sua solidariedade, e isso não constitui nenhuma pressão sob o tribunal".
A OMDH deixou claro que considerou "justo" o desenvolvimento do processo pelas condições em que a defesa pôde exercer o seu trabalho, mas isso não significa que considerem a sentença justa.
Fonte: elconfidencial.com
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