Uma
violação do direito internacional sem precedentes. O mundo cala-se e Marrocos
autoriza a empresa norte-americana Kosmos a fazer prospeções petrolíferas em águas
do Sahara Ocidental, território que ocupa desde 1975 mas cuja soberania não lhe
pertence.
A gigantesca embarcação perfuradora Atwood
Achiever, contratada pela companhia norte-americana Kosmos, chegou hoje ao porto
de Las Palmas de Grã Canaria, onde está atracada. Ali realizará os seus últimos
ajustes e abastecimentos antes de começar as perfurações petrolíferas em águas do
Sahara Ocidental ocupado.
Antes do final do ano, procederá à primeira
perfuração petrolífera no Sahara Ocidental.
Esta atividade é uma violação da legalidade
internacional, tal como descreve a Assessoria Jurídica das Nações Unidas.
"Nenhum Estado no mundo reconhece estas águas
como marroquinas, e estas perfurações foram já declaradas ilegais pela ONU.
Esta plataforma simboliza a pior forma de extração petrolífera que se possa imaginar;
é, nem mais nem menos, que o roubo de uma riqueza de que o povo saharaui é único
proprietário. Mas, além disso, agride gravemente os esforços de paz que a ONU
realiza, o que coloca ainda em maior perigo o direito de autodeterminação do povo
saharaui", afirma Erik Hagen, presidente do Western Sahara Resource Watch
(WSRW).
A plataforma Atwood Achiever perfurará entre as
Ilhas Canárias e o Sahara Ocidental, em águas pertencentes a este Território Não
Autónomo, e num local onde o fundo marinho se encontra a mais de 2000 metros de
profundidade. Não foi publicado nenhum estudo de impacto meio-ambiental, e qualquer
derrame de crude seria espalhado pelas correntes marítimas em direção norte,
direto às costas canárias, tal como já advertiram oceanógrafos da Universidadede Las Palmas de Grã Canaria.
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Protesto de saharauis em Bojador |
"A perfuração será levada a cabo fora das
águas nacionais de Marrocos. Então, quem assumirá responsabilidades se se vier
a produzir um derrame de petróleo sobre as costas canárias? A ausência de um
enquadramento legal e as grandes profundidades desta perfuração, implicam que
existe um risco real também para as Ilhas Canárias. É curioso que o governo canário
permita que este navio atraque num seu porto, dando assim facilidades a um projeto
kamikaze", declara Erik Hagen.
O povo do Sahara Ocidental já realizou
numerosas ações de protesto contra os planos do governo marroquino de levar a
cabo a primeira perfuração petrolífera de todos os tempos no Sahara Ocidental. A
Kosmos não obteve o consentimento da população dona do território.
Leia mais acerca dos perigos desta
controversa perfuração no relatório da Wester Sahara Resources Watch (WSRS) "La Plataforma del Conflicto".
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