Uma missão técnica das Nações Unidas viajou ao Sahara
Ocidental para negociar com as autoridades marroquinas o regresso do pessoal da
MINURSO que foi expulso este ano por Rabat, afirmou a organização.
A visita faz parte do “diálogo em curso com Marrocos para
ver como podemos aplicar a resolução do Conselho de Segurança para o regresso
completo da missão à sua área de atividades”, referiu o porta-voz da ONU,
Stéphane Dujarric.
Entre os membros da equipa da ONU que se deslocou à zona
figura o assessor especial do secretário-geral, Yamal Benomar, segundo
confirmou o porta-voz, um diplomata que se ocupou recentemente de crises como
as do Iémen ou do Burundi.
A participação de Benomar, um marroquino, não agradou à
Frente Polisario, que transmitiu as suas reservas às Nações Unidas, segundo uma
fonte diplomática.
A Polisario, segundo essa fonte, acredita que a intenção de
Marrocos é adiar todo o processo até que no Outono seja eleito um novo
secretário-geral das Nações Unidas, que deve assumir o seu cargo a partir de
janeiro de 2017.
O facto do Assessor marroquino Yamal Benomar integrar a delegação da ONU a El Aaiun desagradou à Frente Polisario que manifestou reservas |
Marrocos expulsou no passado mês de março 73 funcionários
civis da missão da ONU no Sahara Ocidental (MINURSO) em resposta a várias
declarações e gestos do atual chefe da organização, Ban Ki-moon, durante uma
visita à região, considerados por Rabat como “hostis e insultuosos”.
Essa atitude provocou um forte confronto diplomático entre
Marrocos e a ONU, que defende que sem esse pessoal a MINURSO não pode desenvolver
as suas atividades.
O Conselho de Segurança, o órgão máximo de decisão das
Nações Unidas, reclamou em finais de abril que a missão recupere a sua plena
capacidade e fixou o prazo de 90 dias para voltar a analisar a sua situação.
Desde então, a ONU e Marrocos têm mantido discretos
contactos sobre o regresso do pessoal, mas até ao momento não se deram
alterações sobre o terreno e os expulsos não regressaram, segundo confirmou
Dujarric.
A ONU criou em 1991 a MINURSO com o objetivo de realizar um
referendo sobre o estatuto da ex-colónia espanhola, consulta que até agora não
foi concretizada.
Marrocos apresentou uma proposta de autonomia para a o
território em 2007 e considera que essa deve ser a base da negociação, enquanto
a Frente Polisario insiste na necessidade de convocar quanto antes esse
referendo.
Fonte: La Vanguardia / EFE
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