sábado, 16 de junho de 2018

Frente Polisario interpõe novo recurso para a anulação da renegociação do acordo de pesca UE-Marrocos








Bir Lehlu (Territorios Libertados da RASD), 16 de junho de 2018 (SPS) - A Frente Polisario apresentou esta sexta-feira um novo recurso para a anulação da decisão do Conselho da União Europeia de 16 de abril de 2018 que autoriza a Comissão a renegociar com o Reino de Marrocos o acordo de pescas incluindo o banco pesqueiro saharaui.




Declaração de M’Hamed Khaddad, membro do Secretariado Nacional da Frente Polisario:




Na qualidade de representante do povo do Sahara Ocidental, a Frente Polisário apresentou um novo recurso de anulação contra a decisão do Conselho da União Europeia de 16 de abril de 2018, que autoriza a Comissão a entrar em negociações com o Reino de Marrocos para estender o Acordo de Pesca UE-Marrocos ao Sahara Ocidental e à sua zona marítima.




Em 1986, com a adesão do Reino de Espanha, em vez de recusar liminarmente os acordos secretos de Madrid, a União Europeia decidiu apoiar a prática decorrente destes acordos, que sistematicamente incluem o Sahara Ocidental no quadro das suas relações comerciais com o Reino de Marrocos.


Para o povo do Saara Ocidental, o dano sofrido é considerável. As receitas geradas por estes acordos não só permitiram que as forças de ocupação marroquinas financiassem as suas políticas anexionistas, como a União Europeia também contribuiu para esta política ao subsidiar diretamente o estabelecimento de infraestruturas marroquinas no território saharaui ocupado.



Porém, o Tribunal de Justiça da União Europeia, nos seus acórdãos de 21 de dezembro de 2016 e 27 de fevereiro de 2018, condenou definitivamente essas práticas.



No entanto, a Comissão persiste em negociar com o Reino de Marrocos acordos internacionais aplicáveis ao Sahara Ocidental, em vez de o fazer com o povo deste território. Da mesma forma, embora a União Europeia e os seus Estados membros não reconheçam a soberania do Reino de Marrocos sobre o território saharaui, as duas primeiras rondas de negociações tiveram lugar em Rabat, em flagrante violação do estatuto separado e distinto do Sahara Ocidental.



Diante da incapacidade da Comissão Europeia em garantir o cumprimento dos acórdãos do Tribunal, a Frente Polisário não tem outra alternativa senão, uma vez mais, apelar às jurisdições da União Europeia, em nome do povo do Sahara Ocidental, para cancelar as negociações em curso.



No quadro da política anexionista do Reino de Marrocos, estas negociações violam o direito à autodeterminação do povo do Sahara Ocidental e direitos conexos. Elas só podem levar a um novo acordo ilegal.



Além disso, continuam desnecessariamente prolongando o sofrimento do povo do Sahara Ocidental, enfraquecendo os esforços do Enviado Pessoal do Secretário Geral das Nações Unidas, Horst Köhler, porque, enquanto a União Europeia tratar o Sahara Ocidental como uma extensão do Reino de Marrocos, este país rejeitará qualquer negociação direta com a Frente Polisario.



Em consequência, depois de ter lutado pelo reconhecimento dos direitos do povo do Sahara Ocidental, a Frente Polisario actuará com a mesma determinação para garantir que estes direitos sejam efetivamente respeitados pela União Europeia e pelo Reino de Marrocos no quadro das suas relações bilaterais.

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