(ECSaharaui)
- Por Lehbib Abdelhay — A
ONU
prorrogou
por um
ano a sua missão
de
paz no
Sahara
Ocidental (MINURSO)
com
o objectivo de
dar tempo ao
próximo
enviado pessoal
do secretário-geral
da ONU para a
zona.
O
Conselho de Segurança da ONU aprovou esta
quarta-feira
a prorrogação por um ano, diferentemente das duas últimas
resoluções (cujos
prazos eram de apenas 6 meses),
o mandato da Missão das Nações Unidas para o Referendo no Sahara
Ocidental (MINURSO), depois de
discutir
a substância para uma solução que permita a autodeterminação do
povo saharaui.
A
decisão de prorrogar o MINURSO até 31 de Outubro
de 2020, adotada por quase
unanimidade
(13 a favor e
duas
abstenções: Rússia e África do Sul), foi tomada na resolução
2494 apresentada pelos EUA que
invocou a natureza
"técnica", uma vez que o Conselho de Segurança não tomou
mais
decisões
sobre a continuidade de um processo que está
completamente
paralisado desde 2012.
O
Conselho de Segurança reconhece no projeto de resolução que "o
status quo não é aceitável" e observa
que "o progresso nas negociações é essencial para melhorar a
qualidade de vida dos saharauis em todos os seus aspetos".
O
Conselho também pede ao Secretário-Geral da ONU que prepare um
relatório sobre o andamento do processo de paz nos próximos 60
dias.
O
texto da resolução, promovido pelo chamado "grupo de amigos do
Sahara
Ocidental", que inclui EUA,
Rússia, Grã-Bretanha, França e Espanha, indica que o objetivo da
extensão é dar tempo ao próximo enviado pessoal
e
manter a última iniciativa de paz iniciada pelo ex-enviado pessoal
do Secretário-Geral da ONU para o Sahara
Ocidental, o
alemão Horst
Kőhler.
De
resto, a resolução limita-se a elogiar a dinâmica iniciada pelo
ex-enviado pessoal
do
Secretário-Geral da ONUpara o Sahara
Ocidental.
O
projeto de resolução apresentado pelos EUA
não
obteve apoio unânime: Rússia e África do Sul consideram-no
desequilibrado porque não reflete todos os comentários recomendados
pelo secretário-geral da ONU no
seu
último relatório sobre o Sahara
Ocidental, particularmente aqueles que se referem a violações do
cessar-fogo, direitos humanos e medidas de fortalecimento da
confiança.
Muito
embora os EUA quisessem que o texto
fosse
aprovado por
consenso, o
que é facto é que a votação contou com a abstenção da Rússia
e
África
do
Sul.
A
Rússia
considera que o
princípio
de autodeterminação
do povo saharaui,
não
foi suficientemente
enfatizado no
novo projeto
de resolução.
Além
disso, e contra o
que refere o relatório
do Secretário-Geral, o texto não designa Marrocos como a parte que
cometeu as violações do cessar-fogo e impôs restrições à
liberdade de circulação do pessoal de MINURSO
e
do
ex-Enviado
Pessoal
do
Secretário-Geral da a ONU, Horst Kohler. O projeto de resolução
simplesmente pede a ambas as partes no conflito que evitem qualquer
ação que possa prejudicar o processo de paz liderado pelas Nações
Unidas.
A
nova resolução elaborada pelos EUA elogia
o papel desempenhado pelo ex-enviado
pessoal do secretário-geral
Horst Köhler, seus esforços para manter conversaçõess
diretas em Genebra e a
dinâmica que
criou. As partes envolvidas no conflito também comprometem a Argélia
e a Mauritânia a participar do processo político da ONU no Sahara
Ocidental, de maneira séria e respeitosa para identificar elementos
de aproximação, e incentivar e apoiar os esforços para avançar
nessa direção e retomar novas negociações que
possam conduzir a uma
solução para o problema.
Na
secção
dedicada
ao acordo
de cessar-fogo entre a Frente POLISARIO e Marrocos, o projeto de
resolução manifesta preocupação com as violações contínuas dos
acordos existentes e destaca a importância do pleno cumprimento dos
compromissos de manter a dinâmica do processo político, apelando
às partes que se abstenham
de
qualquer ação que possa prejudicar as negociações lideradas pelas
Nações Unidas ou desestabilizar ainda mais a situação no Sahara
Ocidental.
A
Resolução insta as partes a cooperarem
plenamente com a MINURSO, incluindo a
sua
livre interação com todos os parceiros, e a tomarem
as medidas necessárias para garantir a segurança e o acesso, livre
de condicionantes
ou
obstáculos, às
Nações
Unidas e ao
seu
pessoal associado, de acordo com os acordos vigentes.
Sobre
a questão dos direitos humanos, as
iniciativas
humanitárias e construção de confiança, o projeto de resolução
enfatiza
a importância de melhorar a situação dos direitos humanos no
Sahara
Ocidental e nos campos de refugiados e incentiva
as partes a trabalharem
com a comunidade internacional a desenvolver e implementar medidas
independentes e credíveis para garantir o pleno respeito pelos
direitos humanos.
A
ONU incentiva fortemente as partes a fortalecerem
a cooperação com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os
Direitos Humanos, facilitando as visitas à região. Além de
cooperarem
com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados
(ACNUR) e implementarem
medidas de fortalecimento da confiança, que ajudem
a fortalecer a confiança necessária para um processo político
bem-sucedido, incluindo a participação de mulheres e jovens.
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