segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Exercícios militares das Forças Armadas espanholas nas Canárias: um aviso a Marrocos?

 


 Os exercícios militares das Forças Armadas espanholas nas Ilhas Canárias, que se estão a realizar de 28 de novembro e 3 de dezembro, com a participação de mais de 1.500 militares, constituirão um sério aviso ao Reino de Marrocos?

Os exercícios militares entre os vários corpos das forças armadas são comuns em todos os países e o ‘Sinergia 01/20’ que está a ocorrer não foge seguramente a essa rotina, e muito embora o Estado Maior das FA espanholas venha salientar que o exercício estava há muito programado, ele não pode deixar de ser interpretado e contextualizado no período de tensão que a região está a viver, marcado pelas preocupantes levas migratórias de subsaharianos que Marrocos envia para o arquipélago a partir do território do Sahara Ocidental ocupado, as expansionistas ambições do Reino aluita sobre Zona Económica Exclusiva do espaço marítimo com a delimitação unilateral das suas águas territoriais em que inclui parte do espaço marítimo canário e todas as águas do Sahara Ocidental. e, mais recentemente, o eclodir da guerra no Sahara Ocidental e o papel que a Espanha tem (ou que não tem) como potência administrante que a ONU nunca deixou de lhe reconhecer.

Un especialista consultado por ‘El Portal Diplomático’ argumenta que “as manobras do Exército espanhol podem ser interpretadas como uma mensagem a Marrocos em que se reafirma que Espanha defenderá os seus intereses com todos os meios disponíveis, inclusive o militar”.



Importa reealçar, também, que as manobras militares se realizam num momento em que parte dos responsáveis políticos canários criticam o Governo espanhol pela sua passividade face à agressividade de Marrocos em relação ao arquipélago.

Por outro lado, o próprio “establishment” militar espanhol expresou a sua preocupação pela persistente chantagem de Marrocos em relação aos seus vizinhos europeus com elementos como a emigração ilegal ou as decisões unilaterais, já para não falar no terrorismo.

Um exemplo disso é o general espanhol Jesús Argumosa, que concluiu que “independentemente das nossas boas relações com Marrocos ou das discrepâncias de alguns políticos quanto à posição espanhola sobre o Sahara (Ocidental), a verdade é que, “para os interesses da Espanha, o ideal é um Estado saharaui no Sahara Ocidental”.

Da mesma forma, num extenso artigo que analisa as relações entre a Espanha e Marrocos, o coronel de artilharia, José María Manrique, argumenta que o Marrocos é o inimigo mais perigoso e descarado da Espanha.

Também o o jornal El País e o El Correo de Espanña, nas suas edição de ontem , revelavam uma carta enviada ao Rei Felipe VI por 73 comandantes militares aposentados, na qual criticam as posições do Governo da Espanha em relação aos desafios atuais.

Entre o dia 1 de janeiro e o passado dia 15 de novembro, chegaram às costas das ilhas Canárias 16.760 migrantes em “pateras ou cayucos”, + 1020% de comparado com igual período de 2019!

Artigo AAPSO + El Portal Diplomatico

 

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