Mohamed Lamine Haddi |
A Liga para a Proteção dos Presos Saharauis nas Prisões Marroquinas (LPPS) enviou esta mensagem à União Africana, a cada um dos "amigos do Sahara Ocidental" - França, Reino Unido, Espanha, Rússia e Estados Unidos da América -, à Alemanha, aos membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas e a diversas organizações de defesa dos direitos humanos.
Esta carta tem por objetivo chamar a atenção para a terrível situação em que Haddi se encontra e apelar ao respeito pelos direitos humanos, não só em declarações, mas também na prática, fazendo o possível para salvar a vida de Haddi.
Haddi não pode sucumbir a uma greve de fome ou a uma infeção nos ouvidos devido a negligência médica. Os países têm os seus canais diplomáticos, estão avisados e terão de fazer tudo para salvar a sua vida.
Porque esta forma de matar lentamente não pode ser tolerada. Marrocos é um torturador terrível. As nações ditas civilizadas têm de acabar com isso.
Excelência,
Permita-nos que o informemos de um caso de vital importância.
Mohamed Lamine Haddi é um defensor dos direitos humanos e preso político saharaui do grupo Gdeim Izik.
Foi detido a 23 de Novembro de 2010 na sequência do desmantelamento do acampamento de Gdeim Izik pelas forças de ocupação marroquinas, e está a cumprir uma pena de 25 anos após um julgamento injusto. A prisão é Tifilt 2, em Marrocos, a 1.200 km da sua casa no Sahara Ocidental ocupado.
A sua vida na prisão é insuportável devido ao tratamento absolutamente hostil a que é sujeito. Em 2021, o seu desespero levou-o a fazer duas greves de fome de 69 e 63 dias para exigir os seus direitos.
Encontra-se em isolamento desde 16 de setembro de 2017.
A comunicação com a sua família é difícil e escassa.
A tortura e as greves de fome causaram danos reais à sua saúde, a todo o seu corpo. Ele não recebe assistência médica. As suas greves de fome nem sequer foram controladas.
Vários relatores especiais das Nações Unidas denunciaram a tortura e o julgamento injusto a que foi sujeito o grupo de Gdeim Izik, como é o caso da comunicação de 20 de Julho de 2017 (AL Mar 3/2017).
Agora, como resultado das bofetadas contínuas e brutais recebidas durante a sua tortura, há 13 anos, o seu ouvido está infetado com pus há muito tempo. Agora o pus está a aumentar e a dor é muito intensa. Continua a não receber cuidados médicos.
Em 3 de Agosto, iniciou uma greve de fome de advertência de 24 horas. A 8 de Agosto, voltou a entrar em greve de fome por tempo indeterminado para exigir o seu direito a cuidados médicos.
O que Marrocos está a fazer a Haddi é uma sentença de morte lenta. Não podemos deixar que este homem morra em plena luz do dia. A sua morte pode ser evitada.
Pedimos-lhe respeitosamente que contacte Marrocos e mostre o seu interesse em garantir que os princípios básicos do tratamento de prisioneiros sejam respeitados, e se o governo marroquino tem conhecimento da situação de Haddi.
E de todos os presos políticos saharauis que vivem em condições deploráveis.
Com gratidão e respeito,
Hassan Duihi
Vice-presidente da Liga para a Protecção dos Presos Saharauis nas Prisões Marroquinas.
El Aaiun, Sahara Ocidental ocupado, 9 de agosto de 2023
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