Do Porto de Sines saiu, em 2023, 38% do gás para o Sahara Ocidental ocupado.
Western Sahara Resource Watch (WSRW) - 15 de maio de 2024 | Um novo país assumiu o papel de fonte mais importante de fornecimento de gás ao Sahara Ocidental ocupado: Portugal. Esta é a conclusão da monitorização diária dos movimentos dos navios da Western Sahara Resource Watch (WSRW) durante o ano passado.
No total, 14 cargas de gás butano liquefeito chegaram a El Aaiún, no Sahara Ocidental ocupado, em 2023. Com base na análise das rotas e dos calados dos navios, o WSRW estima a carga total em cerca de 36.000 toneladas de gás, um pouco menos do que o ano antes. Os transportes foram feitos por treze diferentes navios-tanque de GLP.
Quatro dos navios partiram do porto de Sines, em Portugal, durante o ano. As nossas estimativas mostram que, combinadas, continham aproximadamente 13.600 toneladas de gás, ou seja 38% do total exportado para o território em 2023. Não é claro para a WSRW quem é a empresa exportadora do Terminal de Graneis Líquidos (GGL), Sines.
Tal como no ano passado, os EUA continuam a ser um importante exportador de gás para o território ocupado. O primeiro carregamento de gás dos EUA observado pelo WSRW foi em Abril de 2021, e as exportações continuaram desde então. O WSRW (Western Sahara Resource Watch - Observatório dos Recursos do Sahara Ocidentl) prevê que o volume exportado dos EUA para o Sahara Ocidental em 2023 tenha sido de cerca de 10.000 toneladas, substancialmente inferior ao ano recorde de 2022 , quando os EUA exportaram 17.000 toneladas. As exportações dos EUA em 2023 partiram de Corpus Cristi, Houston e Norfolk.
As exportações também ocorreram a partir de um terminal pertencente à empresa BP na Holanda, e da Refinaria Sarlux South em Sarroch, Itália, ao longo de 2023. O carregamento da Corunha, em Espanha, partiu de um terminal pertencente à Repsol - empresa que não respondeu a uma carta de fevereiro de 2022 enviada pelo WSRW .
O volume total de gás importado para o território ocupado em 2023 esteve a par dos volumes de 2022 , 2021 , 2020 e 2019.
Marrocos não produz gás mas é, segundo o Index Mundi , um importante importador e consumidor de gás butano. Grande parte desse gás é gasto no abastecimento da maquinaria da ocupação no Sahara Ocidental, na manutenção de infraestruturas e indústrias que são críticas para a política de colonatos ilegais de Marrocos.
O gás importado entra no território em navios-tanque projetados especificamente para o transporte de gás liquefeito (GLP).
O Coral Lacera, da companhia Anthony Veder dos Países Baixos, participou no comércio ilegal de gás do Porto de Sines para os territórios ocupados do Sahara Ocidental... Assim como o King Arthur, da italiana Mediterrenea di Navigazoni...
Tal como nos anos anteriores, duas companhias marítimas destacam-se como as maiores responsáveis nos transportes:
- A mais envolvida é a empresa de navegação singapurense/norueguesa/dinamarquesa BW Epic Kosan (BWEK, anteriormente Epic Gas). 6 dos 14 embarques estavam a bordo de navios da frota BWEK: Emily Kosan, Epic Borinquen, Epic Sardinia, Epic Shikoku, Epic Salina e Epic Susak . O WSRW estima que aproximadamente 16.800 das 36.000 toneladas tenham sido transportadas em navios BWEK – ou seja cerca de 45% do fornecido. O Comité de Apoio Norueguês escreveu à BW Epic Kosan e ao BW Group sete vezes de 2020 a 2023 (incluindo 30 de setembro de 2021 ), sem receber resposta.
- A Komaya Shipping tinha quatro navios da sua frota participando do comércio: Kennington, Kingston, Kirkby e Knebworth . Os navios transportaram cerca de 9.000 toneladas, ou 25% do gás.
- Tal como em anos anteriores, também esteve envolvido um navio da frota Eco - operado pela companhia marítima grega Stealth Corp. A empresa foi contactada sobre a prática em 25 de abril de 2020 e a 5 de junho de 2020, mas as cartas não obtiveram resposta.
Os navios envolvidos em 2023 são: o Coral Lacera, Eco Lucidity, Emily Kosan, Epic Borinquen, Epic Salina, Epic Sardinia, Epic Shikoku, Epic Susak, Kennington, King Arthur, Kingston, Kirkby e Knebwort h. Os petroleiros estão registados em Itália, Libéria, Malta, Ilhas Marshall e Singapura.
A lista acima mostra os portos de onde o WSRW estima que o gás foi exportado, mas não reflete a origem real do gás.
Uma grande parte do território do Sahara Ocidental está sob ocupação ilegal por Marrocos desde 1975.
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