domingo, 22 de setembro de 2024

AAPSO na 1.ª Grandi Marxa Kabral em Portugal

 


Centenas de pessoas, de várias raças, género e idades, desceram este sábado a Avenida da Liberdade, em Lisboa, na primeira Marxa Cabral em Portugal organizada pelo Movimento Negro.

"Amílcar Cabral, unidade e luta. Contra o racismo e a xenofobia", foram as palavras com que a Marxa (marcha, em crioulo) Cabral arrancou da Praça do Marquês de Pombal animada por batucadeiras, fortes sons de tambores, muitos gritos e vivas a Cabral, o líder africano e anticolonialista que faria este ano 100 anos de idade.





Uma delegação da Associação de Amizade Portugal - Sahara Ocidental (AAPSO) associou-se à iniciativa , tendo no final a dirigente da AAPSO, Luisa Teotónio Pereira, informado em traços gerais os manifestantes presentes sobre o ponto actual do processo de descolonização naquela que foi colónia espanhola até 1975 e, desde então, está em grande parte ocupada pelo Reino de Marrocos. Presente também um membro da delegação da Frente POLISARIO no nosso país.

Em 1972 Amílcar Cabral afirmava na IV Comissão (sobre Descolonização) da Assembleia Geral da ONU:


Amílcar Cabral (1924-1973)

"A resolução sobre a descolonização [1960] (...) comprometeu a própria ONU a fazer todo o possível para acabar com a dominação colonial onde quer que ela se encontre, a fim de facilitar o acesso de todos os povos colonizados à independência nacional".

(nascido em Bafatá, na então Guiné Portuguesa, actual Guiné-Bissau, a 12 de setembro de 1924), Amílcar Cabral foi um lúcido político, tendo-se formado em Agronomia em Lisboa. Conhecia profundamente o seu país colonizador, o regime ditatorial que então o governava e o povo português. Nunca confundiu um e outro. Ao contrário, considerava o povo português um aliado. E afirmava:

"(...) nós temos uma longa caminhada juntamente com o povo português. Não foi decidido por nós, não foi decidido pelo povo português, foi decidido pelas circunstâncias históricas do tempo da Europa das Descobertas e pela classe de "antanho", como se diz em português antigo; mas é verdade, é isso! Há essa realidade concreta! Eu estou aqui falando português, como qualquer outro português, e infelizmente melhor do que centenas de milhares de portugueses que o Estado português tem deixado na ignorância e na miséria. [...] Nós marchamos juntos e, além disso, no nosso povo, seja em Cabo Verde seja na Guiné, existe toda uma ligação de sangue, não só de história mas também de sangue, e fundamentalmente de cultura, como o povo de Portugal. [...] Essa nossa cultura também está influenciada pela cultura portuguesa e nós estamos prontos a aceitar todo o aspecto positivo da cultura dos outros".[in Tomás Medeiros (2012). “A Verdadeira Morte de Amílcar Cabral”]

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