Um
grupo de 14 deputados do parlamento
marroquino, todos eles de origem saharaui, criticaram em comunicado conjunto o recente
julgamento militar de 25 saharauis pelos chamados “acontecimentos de Gdaim
Izik”, que se saldou em condenações entre 20 anos e prisão perpétua para 23 deles.
No
comunicado, os 14 deputados de todos os grupos parlamentares consideraram que o
tribunal militar que condenou os 25 independentistas saharauis - um deles à
revelia - não foi a instância “adequada” para julgar civis, sublinhando "a
necessidade de fazer justiça num tribunal civil".
Os
deputados criticaram igualmente a ausência de “provas concludentes” contra os
condenados, e por isso consideram que só as confissões que fizeram ante a Policia
Judiciária -que acabaram por ser negadas ante o tribunal- “não justifica em absoluto
as duras sentenças” do tribunal militar.
Por
outro lado, os deputados reprovaram a cobertura do processo por alguns meios da
imprensa marroquina, que segundo eles “incitaram à xenofobia e ao racismo” (supostamente
anti-saharaui) e carecem “de toda a imparcialidade e profissionalismo”.
Os
deputados expressaram também a sua surpresa ante o apoio que manifestaram “algumas
personalidades públicas a uma parte contra a outra” referindo-se à presença de
três ministros marroquinos frente ao tribunal durante o processo onde se deixaram
fotografar junto a familiares das vítimas marroquinas.
A
deputada Gachmula Bint Abbi (antiga transfuga da Polisario), uma das subscritoras
do comunicado, afirmou à agência Efe que os deputados subscritores - que
representam sete partidos marroquinos de distintas tendências - não quiseram
fazer comentários ou declarações durante o julgamento realizado o mês passado
para “não interferir no curso da justiça”.
No
entanto, ao conhecer-se as duras condenações “não podíamos ficar calados”, sublinhou
a deputada, que a pesar de alinhar com as teses da marroquinidade do Sahara, expressou
no passado várias críticas sobre a gestão do governo de Rabat em relação aos assuntos
saharauis.
Fonte:
EFE
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