O Rei Mohamed VI como destinatário... |
Mohamed Abdelaziz, Presidente
da República Saharaui e Secretário-Geral da Frente Polisario, afirma em carta
aberta enviada sábado ao Rei de Marrocos que “abusar de mulheres saharauis pacíficas
manifestantes, despojá-las das suas indumentárias na via pública, persegui-las
e ameaçá-las com violações em público, constitui um caso grave de imprudência,
irritabilidade e falta de ética humana, um atentado grave aos postulados e à tolerância
do Islão”.
“O que se passou sábado, 23
de março, nas ruas da cidade de El Aaiún ocupada, no marco da visita do Enviado
Pessoal do Secretário-Geral das Nações Unidas para o Sahara Ocidental, Sr.
Christopher Ross, e também na cidade de Bojador a 18 de fevereiro de 2013, onde
sob ordens oficiais das autoridades e com deliberada presença de altos funcionários
de segurança, foram cometidos “abusos contra mulheres saharauis manifestantes pacíficas,
despojando-as das suas vestes na via pública, perseguindo-as e ameaçando-as de
violação em público, o que constitui um caso grave de imprudência,
irritabilidade e falta de ética humana e um agravo aos postulados e à tolerância
do Islão”, refere o Presidente saharaui na sua carta.
Mohamed Abdelaziz qualifica este
ato de obsceno que não dignifica Marrocos nem o povo marroquino.
M. Abdelaziz refere que estes
crimes “começaram com o atirar civis de aviões, sepultar vivas pessoas e
arrastá-las para fossas comuns, ou com os bombardeamentos de napalm e fósforo, proibidos
internacionalmente; com o desaparecimento e o sequestro forçado de pessoas durante
décadas, violando mulheres e homens nas celas e salas de interrogatórios, e o
assédio sexual em público a inocentes mulheres”.
"A última coisa revelada
a público de tais crimes são os atos cobardes, vergonhosos e imorais levados a
cabo contra mulheres saharauis que se manifestavam pacificamente e que foram
perseguidas e abusadas sexualmente, umas; sequestradas e estupradas e posteriormente
atiradas para a via pública outras, com as feridas bem marcadas de tortura e
opressão às mãos de homens que obedecem a ordens suas e cometem atrocidades em
seu nome contra indefesos civis saharauis", acrescenta o SG da Frente
Polisário ao monarca marroquino.
Advirto Sua Majestade, que
"o insulto verbal à mulher na cultura saharaui é uma ofensa grande e motivo
suficiente para ser privado de valores de cavalheirismo e galhardia autêntica, e
muito mais se se trata de assédio sexual em público, como fazem os seus representantes
no Sahara Ocidental ".
"Nós, saharauis, herdámos,
ao longo dos séculos, uma cultura profunda que concedeu às mulheres plena
liberdade e um lugar fundamental na vida da família e da comunidade, e reforçada
absoluta aversão a todas as formas de violência, verbal e física contra a
mulher, na defesa do cavalheirismo e verdadeira galhardia, valores da religião Islâmica,
que se supõe todos nós compartilhamos", afirma o Presidente da República
na sua carta ao rei de Marrocos.
Mohamed Abdelaziz sublinha que
“se equivocam aqueles que pensam que vão vergar a vontade dos saharauis através
da persistência na tortura e o abuso das suas mulheres porque é um intento inútil
que não reduz a sua disposição a sacrificar-se pelos seus direitos nacionais legítimos
à liberdade e à independência.
“Os saharauis, e as mulheres em
particular, estão conscientes de que a violação e o assédio sexual são uma arma
que empregam os invasores e o colonialismo para submeter e controlar os povos oprimidos”.
M. Abdelaziz refere, por último:
”espero que o testemunho daquela mulher saharaui vos faça refletir, que com um grito
vibrante na cara de um dos polícias marroquinos na cidade de El Aaiún, dizia:”
eu o que quero é a minha terra“; esse grito é um apelo eloquente que resume o
cenário do conflito e a situação da crise dos direitos humanos nos territórios
ocupados".
"A senhora que luta honestamente,
transbordando sentimentos patrióticos, está disposta a sacrificar tudo pelo seu
povo, tem um motivo ainda mais forte e mais nobre de continuar a lutar: a Pátria;
enquanto o agente de segurança marroquino só está interessado em exercer suas
práticas repressivas com métodos vis e miseráveis, e eu imagino que tais práticas não o honram
como monarca de Marrocos, nem dignificam o povo marroquino, conhecido pela sua
nobreza, magnanimidade, e bons hábitos", acrescenta o Presidente saharaui.
O Presidente Abdelaziz afirma
na carta ao Rei de Marrocos, que "assuma a sua responsabilidade, e não
deixe que oficiais e soldados do seu exército e da sua polícia de segurança
cometam tais comportamentos ultrajantes e vergonhosos em seu nome na parte
ocupada do Sahara Ocidental.
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