domingo, 31 de março de 2013

Carta aberta ao Rei de Marrocos: Presidente saharaui condena os abusos contra mulheres saharauis


O Rei Mohamed VI como destinatário...

Mohamed Abdelaziz, Presidente da República Saharaui e Secretário-Geral da Frente Polisario, afirma em carta aberta enviada sábado ao Rei de Marrocos que “abusar de mulheres saharauis pacíficas manifestantes, despojá-las das suas indumentárias na via pública, persegui-las e ameaçá-las com violações em público, constitui um caso grave de imprudência, irritabilidade e falta de ética humana, um atentado grave aos postulados e à tolerância do Islão”.

“O que se passou sábado, 23 de março, nas ruas da cidade de El Aaiún ocupada, no marco da visita do Enviado Pessoal do Secretário-Geral das Nações Unidas para o Sahara Ocidental, Sr. Christopher Ross, e também na cidade de Bojador a 18 de fevereiro de 2013, onde sob ordens oficiais das autoridades e com deliberada presença de altos funcionários de segurança, foram cometidos “abusos contra mulheres saharauis manifestantes pacíficas, despojando-as das suas vestes na via pública, perseguindo-as e ameaçando-as de violação em público, o que constitui um caso grave de imprudência, irritabilidade e falta de ética humana e um agravo aos postulados e à tolerância do Islão”, refere o Presidente saharaui na sua carta.

Mohamed Abdelaziz qualifica este ato de obsceno que não dignifica Marrocos nem o povo marroquino.

M. Abdelaziz refere que estes crimes “começaram com o atirar civis de aviões, sepultar vivas pessoas e arrastá-las para fossas comuns, ou com os bombardeamentos de napalm e fósforo, proibidos internacionalmente; com o desaparecimento e o sequestro forçado de pessoas durante décadas, violando mulheres e homens nas celas e salas de interrogatórios, e o assédio sexual em público a inocentes mulheres”.

"A última coisa revelada a público de tais crimes são os atos cobardes, vergonhosos e imorais levados a cabo contra mulheres saharauis que se manifestavam pacificamente e que foram perseguidas e abusadas sexualmente, umas; sequestradas e estupradas e posteriormente atiradas para a via pública outras, com as feridas bem marcadas de tortura e opressão às mãos de homens que obedecem a ordens suas e cometem atrocidades em seu nome contra indefesos civis saharauis", acrescenta o SG da Frente Polisário ao monarca marroquino.

Advirto Sua Majestade, que "o insulto verbal à mulher na cultura saharaui é uma ofensa grande e motivo suficiente para ser privado de valores de cavalheirismo e galhardia autêntica, e muito mais se se trata de assédio sexual em público, como fazem os seus representantes no Sahara Ocidental ".



"Nós, saharauis, herdámos, ao longo dos séculos, uma cultura profunda que concedeu às mulheres plena liberdade e um lugar fundamental na vida da família e da comunidade, e reforçada absoluta aversão a todas as formas de violência, verbal e física contra a mulher, na defesa do cavalheirismo e verdadeira galhardia, valores da religião Islâmica, que se supõe todos nós compartilhamos", afirma o Presidente da República na sua carta ao rei de Marrocos.

Mohamed Abdelaziz sublinha que “se equivocam aqueles que pensam que vão vergar a vontade dos saharauis através da persistência na tortura e o abuso das suas mulheres porque é um intento inútil que não reduz a sua disposição a sacrificar-se pelos seus direitos nacionais legítimos à liberdade e à independência.

“Os saharauis, e as mulheres em particular, estão conscientes de que a violação e o assédio sexual são uma arma que empregam os invasores e o colonialismo para submeter e controlar os povos oprimidos”.

M. Abdelaziz refere, por último: ”espero que o testemunho daquela mulher saharaui vos faça refletir, que com um grito vibrante na cara de um dos polícias marroquinos na cidade de El Aaiún, dizia:” eu o que quero é a minha terra“; esse grito é um apelo eloquente que resume o cenário do conflito e a situação da crise dos direitos humanos nos territórios ocupados".

"A senhora que luta honestamente, transbordando sentimentos patrióticos, está disposta a sacrificar tudo pelo seu povo, tem um motivo ainda mais forte e mais nobre de continuar a lutar: a Pátria; enquanto o agente de segurança marroquino só está interessado em exercer suas práticas repressivas com métodos vis e miseráveis​​, e eu imagino que tais práticas não o honram como monarca de Marrocos, nem dignificam o povo marroquino, conhecido pela sua nobreza, magnanimidade, e bons hábitos", acrescenta o Presidente saharaui.

O Presidente Abdelaziz afirma na carta ao Rei de Marrocos, que "assuma a sua responsabilidade, e não deixe que oficiais e soldados do seu exército e da sua polícia de segurança cometam tais comportamentos ultrajantes e vergonhosos em seu nome na parte ocupada do Sahara Ocidental.

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