sábado, 30 de março de 2013

Sim à cooperação, não à ingerência


Os saharauis não pedem ao Presidente francês que condene as violações dos direitos humanos no Sahara, nem que reconheça a RASD. Pedem apenas que a França deixe de interferir no trabalho de Ban Ki-moon e do seu Enviado Pessoal Christopher Ross. Que a França não impeça que o Conselho de Segurança responsabilize a MINURSO pela vigilância e monitorização do respeito dos direitos humanos no Sahara Ocidental.

A França é o primeiro parceiro económico de Marrocos em matéria de investimento e trocas comerciais. Só podemos incentivar que essas relações contribuam para melhorar a vida diária dos marroquinos.

O Presidente François Hollande deslocar-se-á a Marrocos entre 3 e 4 de abril em visita oficial, três meses depois da que realizou à Argélia. No seu programa, um discurso aos membros do Parlamento marroquino.

Os saharauis não pedem ao Presidente francês que aborde, no seu discurso, o tema do Sahara Ocidental nem que condene a repressão e as violações dos direitos do Homem cometidas por Marrocos no Sahara Ocidental perante o olhar da comunidade internacional. Pedem-lhe simplesmente que não impeça a MINURSO de vigiar o respeito dos direitos do homem no Sahara Ocidental. De não interferir no trabalho do SG da ONU e do seu Enviado Pessoal, Christopher Ross.

Se a França considera que o plano de autonomia apresentado por Rabat é "uma base séria de negociação", é seu direito de ter a sua própria visão sobre a resolução deste conflito. Mas Paris não tem o direito de se ingerir na questão ao ponto de impor o seu ponto de vista ao Secretário-Geral da ONU, cujos relatórios foram, muitas vezes, modificados pelo embaixador francês nas Nações Unidas. O «forcing» sobre a autonomia pretende objetivamente afastar toda outra solução que permita aos Saharauis exercer o seu direito à autodeterminação, um direito reconhecido por todas as resoluções da ONU.

Marrocos invadiu o território do Sahara Ocidental a tiros de canhão e bombardeamentos, em violação dos princípios de descolonização e da intangibilidade das fronteiras. Apoiá-lo é contrário aos princípios que conduziram a França a intervir militarmente no Mali.



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