quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Hassanna Aalia: “O bloqueio do PP no Congresso [de Espanha] ao meu pedido de asilo político é uma vergonha”



O saharaui de 27 anos, ativista dos Direitos Humanos, Hassanna Aalia, recebeu ontem com indignação o bloqueio que o Partido Popular levou a cabo na Comissão do Interior do Congresso dos Deputados, com os seus sus 23 votos, à proposta de instar o Governo a conceder-lhe o asilo político. Tratava-se de uma proposta que foi apresentada de forma conjunta pelos grupos parlamentares da Esquerda Plural, PNV e integrantes do Grupo Mixto como Amaiur, ERC, BNG, Coligação Canaria-Nova Canarias e Geroa Bai. Na votação, a proposta contou com o voto favorável destas forças, para além do PSOE e CIU. O PP considerou a proposta como “uma arbitrariedade”.

Para o jovem saharaui, a postura que adotou o PP é “uma vergonha, que não tem nem pés nem cabeça”, porque considera que o seu caso é “muito claro, tal como explicou a Comissão de Ajuda ao Refugiado (CEAR)“, declarou. Por seu lado, a Bucharaya Beyún, delegado da Frente Polisario para Espanha, o facto não o surpreende: “A decisão de lhe recusar o asilo político foi tomada pelo Governo e o seu partido não se vai colocar contra”. “Um Governo que teve sempre uma postura contrária ao povo saharaui, que se opôs à proposta dos EUA nas Nações Unidas para que a MINURSO (Missão Internacional das Nações Unidas para o Referendo no Sahara Ocidental) vigiasse os direitos humanos nas zonas ocupadas e retirou os cooperantes dos acampamentos de refugiados contra o consenso de outros países para condenar a pobreza da população refugiada”, acrescenta.

Aalia participou em 2010 no acampamento da Dignidade, de Gdeim Izik, em El Aaiún ocupada, uma acampada pacífica onde milhares de saharauis reclamavam direitos sociais e políticos. Quando no ano seguinte se encontrava em Espanha para estudar, recebeu uma ordem de busca e captura de Marrocos pela participação naquele protesto. O jovem não regressou ao país e foi julgado à revelia, condenado a cadena perpétua, por um tribunal militar, contra qualquer garantia processual, tal como denunciaram observadores internacionais. No passado dia 19 de janeiro, o Ministério del Interior negou-lhe o asilo político que tinha solicitado, de tal modo que teria que abandonar Espanha e regressar a Marrocos, onde teria que cumprir a pena.


Fonte: quartopoder.es

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