sábado, 21 de outubro de 2017

Ghali recorda ao novo enviado da ONU que o referendo é inegociável




EFE - Campos de refugiados de Tindouf (Argélia) -20/10/2017 -  O presidente da República Árabe Saharaui Democrática (RASD) e SG da Frente Polisario, Brahim Ghali, expressou ao enviado pessoal do secretário geral da ONU para o Sahara Ocidental, Horst Köhler, a disposição em colaborar na solução do conflito com Marrocos, sempre que seja através da realização do referendo de autodeterminação.

Na sua primeira visita aos campos de refugiados em que vivem os saharauis desde que em 1975 Marrocos ocupou a antiga colónia espanhola, Ghali ofereceu ao ex-presidente alemão uma parada militar antes de se reunir com ele à porta fechada.

Segundo disseram à Efe fontes oficiais saharauis, ambos abordaram a falta de avanços reais que existem desde 2012 devido aos obstáculos de Rabat à consulta popular e  as opções que existem para sair de um marasmo que se prolonga desde há mais de quatro décadas.

Ghali insistiu, por eu lado que as autoridades saharauis não apoiaram plano algum que não inclua o citado referendo, previsto desde o cessar fogo firmado em 1991 com  Marrocos.

De acordo com este argumento, o líder saharaui voltou a apelar para a vontade do Conselho de Segurança da ONU, que exigia maior determinação, coesão e apoio sem fissuras a Köhler para que este possa avançar pela nova dinâmica invocada pelo Secretário-Geral , António Guterres.

"Esperamos que ele tenha sucesso nos seus esforços, com o apoio do Secretário-Geral. E que ele consiga o apoio dos países membros do Conselho de Segurança, em particular dos cinco membros permanentes", disse Ghali em entrevista colectiva posterior.

O presidente saharaui também reiterou que, nesses esforços, a União Africana deve ser incluída, organismos, que afirmou, ser chave para a resolução do conflito.

Köhler desembarcou na quarta-feira no aeroporto argelino de Tindouf, e tomou a estrada para os campos de refugiados, onde se encontrou com representantes da Frente Polisario, a equipa de negociação, as organizações de mulheres e outros atores da sociedade civil.

O ex-presidente alemão, nomeado em setembro passado, também teve a oportunidade de caminhar pelas ruas arenosas e conhecer parte da tradição saharaui e analisar a situação no terreno com a MINURSO (Missão das Nações Unidas para o Referendo do Sahara Ocidental).

Amanhã, planeia visitar as chamadas "zonas libertadas" antes de partir para a Argélia e a Mauritânia, o fim de do périplo que começou terça-feira em Marrocos, onde foi recebido pelo rei Mohamed VI.

A sua viagem não incluirá, no entanto, os territórios saharauis sob ocupação marroquina, sem que se saiba se foi por decisão do próprio Köhler ou por imposição de Rabat, que impediu já impediu anteriormente essa visita ao seu antecessor, Christopher Ross.


Espera-se que o alemão apresente o seu primeiro relatório sobre o Sahara Ocidental dentro de seis meses, documento em que explicará a "nova dinâmica" que o Secretário-Geral da ONU prometeu promover em abril.

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