Mohamed El Ayoubi |
Mohamed El
Ayoubi, preso político de Gdeim Izik, que se encontrava em liberdade condicional
devido ao seu estado de saúde, faleceu na tarde de ontem, quarta-feira, na cidade
ocupada de El Aaiún, convertendo-se na primeira
vítima mortal do grupo de presos políticos saharauis de Gdeim Izik,
injustamente condenados pelo regime ocupante marroquino a penas de 20 anos a
prisão perpétua.
El Ayoubi,
que foi detido pelas autoridades de ocupação marroquinas durante o selvático
desmantelamento do acampamento da dignidade de Gdeim Izik a 8 de novembro de
2010, foi vítima de violações e torturas físicas e psicológicas durante vários
dias tanto na sede da Gendarmería como na comissaria de Polícia em El Aaiún,
Sahara Ocidental. Junto com todos os outros presos do grupo de Gdeim Izik viria
a ser trasladado a 11 de novembro desse mesmo ano para Salé (Rabat) no Reino de
Marrocos.
Devido às torturas
sofridas, teve que manter-se em cadeira de rodas durante a sua detenção em Salé
2 até ao dia 12 de de janeiro de 2011 quando o transportaram para o hospital
Souissi Rabat onde ficou internado até 28 de fevereiro de 2011.
De regresso
à prisão já conseguia caminhar mas devido à tortura e à sua condição de diabético
e problemas de rins continuou a padecer de problemas graves de saúde sem que
tivesse a assistência médica necessária.
A 31 de
outubro de 2011, todos os prisioneiros de Gdeim Izik iniciaram uma greve de
fome que durou mais de um mês. Em 2 de dezembro de 2011, o Conselho Marroquino
de Direitos Humanos negociou com os grevistas a libertação de Mohamed Ayoubi,
que era uma das principais exigências dos grevistas devido ao seu estado de
saúde extremamente grave.
Na condição
de liberdade condicional, Ayoubi teve que comparecer perante o tribunal militar
para o julgamento do Grupo Gdeim Izik em fevereiro de 2013, onde foi condenado
a 20 anos de prisão, mas continuou em liberdade condicional.
O estado de
saúde de Mohamed Ayoubi forçou-o a iniciar a hemodiálise e, em dezembro de
2016, voltou ao tribunal com o grupo Gdeim izik após a decisão do Supremo
Tribunal marroquino ter enviado o processo ao tribunal de recurso da Sale, argumentando
que o tribunal militar não tinha jurisdição para julgar civis e, de acordo com
o Supremo Tribunal, evidências insuficientes terem sido apresentadas para
provar as acusações.
Ayoubi não
participou da maioria das sessões do julgamento, que se prolongaram durante 7
meses, uma vez que tinha duas sessões semanais de hemodiálise, o seu caso foi
separado do processo do resto do grupo em junho de 2017 e em 20 de dezembro de
2017, um ano após o início do julgamento, Ayoubi foi sentenciado em ausência
novamente a 20 anos de prisão em liberdade condicional.
Em janeiro
de 2018 foram-lhe amputados dois dedos e o seu estado de saúde começa diariamente
21 de fevereiro, quando Ayoubi morre no hospital El Aaiún sem ter tido justiça.
Fonte: SPS
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